Não era só futebol. E a esta revista eletrônica jurídica cabe lembrar a grande contribuição para o ordenamento jurídico pátrio de Pelé, que morreu na tarde desta quinta-feira (29/12), aos 82 anos, em São Paulo. Foi na gestão do Rei do Futebol como ministro dos Esportes, no governo Fernando Henrique Cardoso, que a legislação esportiva brasileira deixou a idade da pedra e entrou na civilização. A Lei 9.615, de 24 de março de 1998, criada com o propósito de dar mais transparência e profissionalismo ao esporte, instituiu o fim do passe nos clubes de futebol, estabeleceu o direito do consumidor nos esportes, disciplinou a prestação de contas por dirigentes de clubes e a criação de ligas, federações e associações de várias modalidades.

Duas pessoas tiveram papel fundamental na produção dessa lei. Uma foi o empresário Hélio Viana, sócio de Pelé e, à época, secretario-executivo do ministério. Foi ele quem tratou da proposição e da articulação política para a aprovação do projeto. O outro ator da peça foi o então subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil do governo FHC, o hoje ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, a quem coube a fundamentação jurídica do projeto. Sem os dois, muito provavelmente não teria existido esse marco da legislação brasileira, mas com toda certeza, e muito menos, sem Pelé também não. Não é por acaso que a Lei 9.615/1998 só é conhecida como Lei Pelé. 

Pelé com o hoje ministro do STF Gilmar Mendes, um dos responsáveis pela lei que levou o nome do Rei do Futebol ⏐ arquivo pessoal

Antes dela houve a Lei 8.672/1993, a muito bem chamada de Lei Zico, em homenagem a outro grande craque do futebol que também foi ministro dos Esportes (na época, com status de secretaria), mas no governo Itamar Franco. Só que a Lei Zico era, por assim dizer, uma manifestação de desejo. Foi, por isso mesmo, inteiramente revogada e substituída pela Lei Pelé, que tinha um tom mandatório definitivo. 

E depois dela vieram muitas outras, como o Estatuto do Torcedor, que regulamentou os direitos de consumidor dos aficionados do futebol (Lei 10.671/2003); a Lei das Sociedades Anônimas do Futebol, que alinhou os mecanismos para a conversão dos clubes em empresas (Lei 14.193/2021). Não veio ainda, mas está por chegar a Lei Geral do Esporte Brasileiro (PL 1.153/2019). Em tramitação desde 2019, o projeto de lei já passou pelo Senado e teve aprovação na Câmara dos Deputados em julho deste ano. Como o texto aprovado no Senado sofreu alterações na Câmara, volta para análise na Câmara Alta. Atletas têm se manifestado contra o projeto. Reclamam principalmente pelo fato de não terem sido convocados para discutir a matéria. Claro que disso Pelé não tem culpa. 

Pelé teve de dar explicações à Justiça mais de uma vez e o caso mais notório foi o relacionado ao reconhecimento de paternidade de Sandra Regina Machado Arantes do Nascimento. Filha de um relacionamento fortuito de Pelé com a empregada doméstica Anísia Machado, quando já namorava com Rosimeiri Reis, a mãe de três de seus cinco filhos, Sandra foi criada pela mãe sem saber quem era seu pai. Aos 32 anos, ela conseguiu provar a paternidade mediante um teste de DNA. Só então teve o direito de acrescentar o sobrenome paterno ao próprio nome. Sandra tocou sua vida sem receber o reconhecimento afetivo do pai, elegeu-se vereadora em Santos e morreu em 2006, vítima de câncer. Pelé não lhe deu qualquer apoio durante o tratamento da doença e sequer compareceu ao enterro da filha. Dignou-se a mandar uma coroa de flores

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Pelé sofreu pesadas críticas por seu comportamento no mínimo frio, senão cruel, em relação a essa filha. O caso serve, porém, para evidenciar que a Justiça pode muito, mas não pode tudo. A sentença que concedeu a Sandra o direito de ter um pai, usar seu sobrenome e desfrutar dos direitos patrimoniais não foi capaz de lhe assegurar o que ela mais queria e buscava: o amor do pai

Intrigante nessa história, porém, é que Pelé teve uma outra filha fora do casamento, e a esta dispensou tratamento completamente distinto. Flavia Kurtz, fruto de um relacionamento extraconjugal de Pelé com a jornalista Lenita Kurtz, só conheceu o pai quando já tinha 20 anos e foi prontamente reconhecida como filha. 

Em um artigo publicado na internet em 2002, justificou a diferença do tratamento dispensada às duas filhas. “Enquanto Flávia me procurou para contar tudo, Sandra preferiu recorrer aos advogados e à imprensa”, escreveu ele. Não convenceu, e deixou sem resposta a pergunta: Por que, Pelé?

A filha Sandra e Pelé ⏐ Reprodução

Mas não é só futebol. Este senhor Edson Arantes do Nascimento, vulgo Pelé, começou a entrar para a história no longínquo junho de 1958, na Suécia, quando venceu, com a seleção brasileira, a primeira Copa do Mundo para o Brasil. Então com 17 anos, Pelé participou de quatro dos seis jogos e marcou seis gols. Mas quem acabou eleito o melhor jogador daquela Copa foi o meia Didi, seu companheiro de time. A Pelé coube uma façanha ainda maior: tornar-se o símbolo da revelação da nação brasileira para o mundo. 

Para o escritor Nelson Rodrigues, talvez o maior cronista da vida brasileira no século 20, a Copa de 1958 enterrou o complexo de vira-latas do povo brasileiro. Segundo ele, o brasileiro era acometido de um complexo de inferioridade que o impedia de ver as suas próprias qualidades e de se afirmar perante o mundo. No futebol, o maior exemplo disso acontecera oito anos antes, quando a seleção brasileira, diante de um Maracanã lotado com 200 mil pessoas, foi humilhantemente derrotada pelo Uruguai por 2 a 1, depois de estar vencendo por 1 a 0 e podendo até empatar para ser campeã. Vira-latas, isso é que éramos os brasileiros. 

Até que veio 1958 e aquele time maravilhoso que, além de Didi e Pelé, tinha ainda Garrincha, um não atleta capaz de desafiar toda a ciência do esporte e fazer coisas que ninguém mais conseguia. E tinha também Gilmar, Zito, Vavá, sim, um timaço. Quando Belini ergueu a taça do mundo no acanhado estádio de Rasunda, em Estocolmo, os estrangeiros de todos os cantos se deram conta de que existia um país chamado Brasil, que era campeão do mundo. Ali, escreveu Nélson Rodrigues:

“O brasileiro deixou de ser um vira-latas entre os homens e o Brasil, um vira-latas entre as nações”.

Nélson Rodrigues

O jornalista Joaquim Ferreira dos Santos escreveu um livro com o título Feliz 1958 — o ano que não devia terminar, parafraseando no título outro livro notável, 1968 — o Ano que Não Terminou. Mas a celebração desses dois anos tem motivações diferentes. Enquanto o 1968 foi o ano que abalou as estruturas políticas, sociais e culturais do mundo, 1958 foi o ano do redescobrimento do Brasil. O presidente da República era Juscelino Kubistchek; João Gilberto gravou o disco Chega de Saudade, que inaugurou a bossa nova; saiu às ruas o DKW-Vemag, o primeiro carro montado no Brasil com 50% das peças fabricadas pela indústria nacional; o filme Orfeu Negro ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes; Maria Esther Bueno foi campeã de duplas em Wimbledon; e, como lembra Joaquim Ferreira, Roberto Carlos conheceu Erasmo para formar a mais exitosa parceria da música brasileira. 

Esse Brasil bem-sucedido, sem seu ancestral complexo de vira-latas, teve a sua mais genuína expressão em Pelé, o brasileiro mais conhecido em todo o mundo desde aquele 1958. Circula pelas redes sociais um vídeo que mostra o astro do rap americano Snoop Dogg conversando com ex-campeão mundial dos pesos-pesados Mike Tyson. O assunto: Pelé.

Diz Mike Tyson: “O Pelé é conhecido no mundo inteiro. Na Copa da Rússia, saí com ele na rua e as pessoas gritavam: ‘Pelé! Pelé! Pelé!'”. Responde Snoop Dogg, depois de enumerar a inteligência e a rapidez do jogador Pelé: “Ele podia fazer tudo sozinho, mas ele envolvia a equipe inteira porque a equipe te faz melhor.”

Assista a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=a0AL2W0nntc
YouTube

Além de ministro dos Esportes, Pelé foi embaixador da ONU, da Unicef e da Unesco. O diplomata João Baptista Pinheiro, embaixador do Brasil no México por ocasião da conquista do tricampeonato pela seleção e por Pelé, disse certa vez que “Pelé jogou futebol por 22 anos e, durante esse tempo, fez mais para promover a amizade e a fraternidade mundiais do que qualquer outro embaixador em qualquer lugar”. 

No futebol, sempre que se quis eleger qual o melhor jogador da história, a referência era sempre ele, Pelé. Desde Di Stefano, passando por Cruyff, Platini, Maradona, Messi, Mbappé. Quem era melhor: qualquer um ou Pelé? Para outros a pergunta é: quem é o maior atleta do mundo: Jesse Owens? Muhammad Ali? Michael Jordan? Ou Pelé? Sempre Pelé. E se a pergunta era sobre ser excelente, Pelé também podia ser equiparado a Chaplin, a Gandhi, a Shakespeare. 

Pelé e a camisa 10 do Santos Futebol Clube ⏐ Santos FC

Apesar de sua poderosa imagem, pouco se sabe ou pouco se comenta sobre o que o Pelé pensa sobre a vida, o mundo e as pessoas. Duas frases indicaram um rumo. A primeira, lá pelos anos 70, quando disse que brasileiro não sabia votar. Numa época em que os brasileiros estavam impedidos de votar para presidente, a afirmação soou um tanto ingênua, e também um tanto arrogante, mas os resultados das eleições que se seguiram a partir de duas décadas depois mostraram que ele não estava totalmente errado. 

A outra frase que teria bombado nas redes sociais, se houvesse redes sociais na época, foi na emoção do milésimo gol, perante uma multidão de torcedores no Maracanã: “Ofereço este gol às criancinhas pobres do Brasil”. Pareceu pura demagogia, mas visto retrospectivamente foi premonitório, já que naquele tempo não se falava em trabalho infantil, exploração sexual de menores e de outras mazelas que ainda hoje atormentam essa parcela vulnerável da população. 

Assista a seguir:

Uma das personalidades negras mais importantes do mundo em seu tempo, Pelé nunca foi um militante da causa dos homens e mulheres negros e negras. O jornal El País, da Espanha, publicou em 2020 uma reportagem de seu correspondente em São Paulo, Breiler Pires, sobre o assunto, a partir de um paralelo entre Pelé e Michael Jordan, outro atleta estelar negro que evita tomar posições sobre a questão racial. “Eu não me via como ativista. Só queria praticar meu esporte, estava focado no meu trabalho. Fui egoísta? Provavelmente. Mas essa era minha energia, era daí que ela vinha”, disse Michael Jordan nas páginas do El País.   

Pelé foi no mesmo tom: “Me chamavam de negro, crioulo, macaco, mas eu não ligava”, contou. “Eu prefiro dar exemplos. Para a família, os amigos e os fãs. Essa é minha luta.” E conclui o jornal: “Embora tenham evitado o ativismo, tanto Pelé quanto Michael Jordan foram enormes agentes políticos. Pelo que representaram e pelo que influenciaram como homens negros em evidência social”. E cita o advogado, filósofo e, agora, ministro dos Direitos Humanos do governo Lula 3: “O simples fato de se sentir representado por Pelé ajudou a dar perspectivas à parcela majoritária da população brasileira que, até então, jamais havia observado nada parecido”.

Rei, ele usava sua majestade como a rainha da Inglaterra. Não se sabe bem o que ela fazia, nem se levava muito em conta o que ela dizia. Mas bastou ela morrer para se saber a dimensão que ela ocupava no Reino Unido. Com Pelé é a mesma coisa. A majestade de Pelé vai muito além do futebol, do Brasil, da vida. Pelé é eterno.

Xico Sá e Breiller Pires debatem sobre futebol e política:

El País

O monumento ao Cristo Redentor será iluminado com as cores verde e amarela, a partir das 18h de hoje (29), em homenagem a Pelé, que morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos, em São Paulo. As cores poderão ser vistas ao longo de toda a noite desta quinta-feira e madrugada de sexta-feira.

A informação foi divulgada pelo Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, responsável pela estátua que se tornou símbolo do Brasil.

Cristo Redentor ficará iluminado de verde e amarelo em homenagem a Pelé — Divulgação

Inspiração

“O monumento ao Cristo Redentor ficará iluminado nas cores do Brasil durante toda a noite desta quinta-feira, a partir das 18h, em homenagem ao atleta do século, que encantou o mundo inteiro em vida e sempre será uma grande inspiração a todos os brasileiros”, divulgou o Santuário.

A homenagem, porém, dependerá do clima para ter visibilidade, porque o Rio de Janeiro está em estágio de mobilização por causa da previsão de chuva moderada a forte nas próximas horas.

O Santos informou no início da noite desta quinta-feira (29) que o velório aberto ao público de Pelé será realizado no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, a partir das 10h (horário de Brasília) da próxima segunda-feira (2).

Santos FC

“O corpo seguirá do Hospital Albert Einstein direto para o estádio na madrugada de segunda-feira (2) e o caixão será posicionado no centro do gramado”, diz a nota do Peixe. Segundo o Santos, o acesso de populares ao velório será feito pelos portões 2 e 3, enquanto as autoridades terão acesso pelo portão 10.

A cerimônia seguirá até as 10h de terça-feira (3), quando será realizado o cortejo pelas ruas de Santos, que passará pelo Canal 6, onde mora a mãe de Pelé, dona Celeste, seguindo até a Memorial Necrópole Ecumênica, para o sepultamento reservado aos familiares.

A notícia da morte de Pelé, aos 82 anos, repercutiu rapidamente na mídia internacional. Em reportagem de destaque na capa de seu portal, o New York Times o classificou como “uma figura transformadora dos esportes do século 20”. O jornal apresentou uma biografia do atleta e lembrou seu papel na popularização do esporte nos Estados Unidos. Entre 1975 e 1977, Pelé atuou pelo New York Cosmos, clube que disputou a liga de futebol do país até 1983.

Em reportagem publicada em seu site, o jornal francês Le Monde afirmou que Pelé foi “o monarca absoluto da bola redonda, o único jogador a ter conquistado três Copas do Mundo, em 1958, 1962 e 1970”. Em suas redes sociais, o veículo também lembrou a forma como, certa vez, o já falecido craque holandês Johan Cruyff definiu o brasileiro: “o único jogador de futebol a ultrapassar os limites da lógica”.

Morte do atleta aos 82 anos é destaque na imprensa estrangeira ⏐ Reprodução

L’Équipe, jornal francês dedicado ao esporte, estampou em seu site: “o rei está morto”. O veículo foi o responsável por organizar, em 1980, uma votação que consagrou Pelé como o atleta do século. Participaram jornalistas das 20 mais importantes publicações de esportes do mundo. Na disputa, o brasileiro teve como companhia, respectivamente na segunda e na terceira posição, o atleta norte-americano Jesse Owens e o ciclista belga Eddy Merchx.

Outra referência internacional entre os jornais esportivos, o espanhol Marca destacou na capa de seu portal um vídeo com o título: “Os momentos inesquecíveis de Pelé: a grande obra de arte que nunca se viu, o drible impossível”. O veículo assume a dificuldade da edição da imagens: “a magia do Rei encheria todas as páginas do jornal Marca. Então aqui você verá apenas uma pequena parte de um futebol que o elevou ao ‘Olimpo dos Deuses'”

Na Argentina, o jornal Clarín apontou Pelé como “a primeira grande estrela mundial do futebol” e “um símbolo supremo do futebol espetáculo”. Também destacou a “relação entre amores e ódios” com Diego Maradona, lembrando declarações elogiosas e ácidas de ambos e mencionando a paz selada em 2016.

Reportagens de capa foram publicadas ainda nos sites de diversos outros jornais, como o inglês The Guardian, o italiano La Stampa e o alemão Bild.

Mineiro de Três Corações (MG), Edson Arantes do Nascimento, ou simplesmente Pelé, morreu hoje (29) em São Paulo aos 82 anos. Ele sofria com um câncer de cólon. Jogou futebol por 21 anos, sendo 18 pelo Santos e três pelo New York Cosmos. Pela seleção brasileira, disputou 92 partidas, marcando 77 gols.

O futebol brasileiro tem vários personagens. Porém, nenhum deles teve o protagonismo de Edson Arantes do Nascimento. A importância de Pelé é tamanha que é possível falar que, a partir dele, o mundo mudou a forma de ver os jogadores e a seleção do Brasil. Hoje (29), aos 82 anos, Pelé morreu no Hospital Albert Einstein, na zona Sul da capital paulista, em decorrência de falência múltipla de órgãos. 

A trajetória daquele que viria a ser conhecido como o Rei do Futebol começou de forma muito comum. Nascido em 23 de outubro de 1940, na cidade mineira de Três Corações, Pelé veio de uma família pobre, que trabalhava duro para educar os filhos.

Ainda na infância, um fato pareceu definir sua relação com o futebol. Ao ver seu pai, o ex-jogador José Ramos do Nascimento, o Dondinho, chorar após a derrota da seleção brasileira na final da Copa do Mundo de 1950, o pequeno Edson prometeu que conquistaria o primeiro Mundial do país.

Antes de cumprir esta promessa, Pelé daria os primeiros passos no esporte na cidade paulista de Bauru, para onde sua família se mudou durante sua infância. Lá, defendeu várias equipes amadoras de futebol de campo e salão, até que, ao completar 15 anos, foi levado para fazer um teste no Santos. Aprovado, foi contratado em junho de 1956 e começou a defender a equipe da Vila Belmiro.

No Santos, desandou a marcar gols, o que lhe garantiu a primeira convocação para a seleção brasileira em 1957 para participar da Copa Roca, competição na qual fez seu primeiro tento e iniciou uma caminhada de conquistas.

Rei desde jovem

A qualidade de Pelé era tamanha que a ideia de que ele era o rei do futebol surgiu antes mesmo da conquista de um título de expressão pela seleção. Jovem ainda, aos 17 anos, meses antes da disputa da Copa de 1958, o dramaturgo Nelson Rodrigues se referiu ao jogador em uma crônica sobre o jogo entre América e Santos.

“O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: – a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento.”

Pelé, por Arquivo Nacional/ Correio da Manhã

A coroação definitiva veio com a conquista dos títulos das Copas do Mundo. “Em 1957, o futebol brasileiro estava por baixo, com a derrota para a seleção uruguaia em 1950, a apenas regular participação na Copa de 1954, os resultados fracos durante uma excursão à Europa em 1956 e o fraco desempenho no Campeonato Sul-Americano de 1957. E surge Pelé, com 17 anos”, relembra o pesquisador Rodrigo Saturnino.

“Com Pelé e Garrincha, a seleção nunca perdeu. Foram três títulos mundiais em quatro Copas. Pelé foi o principal responsável por esse desempenho. A identificação da seleção com o povo brasileiro atingiu seu ponto máximo. Pelé se transformou na face do Brasil bem sucedido, o brasileiro mais reconhecido da história, em todo o mundo”, afirma Saturnino, pesquisador do Grupo Literatura e Memória do Futebol (Memofut).

O sociólogo e professor da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj) Ronaldo Helal afirma que Pelé foi fundamental para a seleção acabar com a história de que teria um complexo de vira-latas (expressão de Nelson Rodrigues) que a impediria de conquistar títulos.

“Em 1958, o Brasil ganha a Copa do Mundo, e Pelé foi marcante, se tornando o rei do futebol com 17 anos de idade.”

Auge no México

Pelé – Reuters/Hannibal Hanschke

Entre todas as conquistas uma ocupa um lugar especial na história do futebol, a da Copa do Mundo de 1970, no México. Foi nesta competição que Pelé mostrou todo o seu potencial como jogador. “Em 1970 ele foi fundamental, fez uma Copa ímpar, brilhante do início ao fim, e colocou o Brasil no topo do futebol mundial”, diz Helal.

Clodoaldo, um dos companheiros de Pelé naquela campanha, compartilha desta opinião. “Foi o melhor momento do Pelé na seleção brasileira. O vi em 1970 como nunca, preparado nos aspectos físico, técnico e psicológico. Ele estava voando. Foi o momento no qual atingiu o máximo de sua carreira.”

Maior goleador

Pelé – REUTERS/Ian Hodgso

Porém, o sucesso de Pelé não se deve apenas à seleção. Foi pelo Santos que ele marcou a maior parte dos seus 1281 gols (em 1363 jogos), que o transformaram no maior goleador da história do futebol mundial. O tipo de feito que fez com que o público o tratasse de uma forma especial.

“O Pelé foi o único jogador, pelo menos que eu saiba, que fazia uma boa jogada contra um time, ou um gol de placa, e a torcida adversária aplaudia, às vezes, de pé”, diz Helal.

E um destes gols mobilizou a atenção do público de forma especial, o de número mil, alcançado no dia 19 de novembro de 1969 em vitória de 2 a 1 do Santos sobre o Vasco no estádio do Maracanã. Pelé tinha apenas 29 anos ao alcançar esta marca.

Fórmula secreta

Pelé – REUTERS/Dylan Martínez

Tantos feitos levam à pergunta, como um menino comum, nascido em Minas, se transformou no rei do futebol? “O destaque na história do futebol vem de seu talento e sua técnica, por ter sido o único a fazer excepcionalmente bem, dentro de campo, tudo o que um jogador de futebol pode fazer. Selecione um atributo, e Pelé foi um dos melhores”, afirma Saturnino.

O ex-jogador Pepe, companheiro de Santos e da seleção do eterno camisa 10, defende que um jogador com estas características surge apenas uma vez na história.

“No futebol atual têm aparecido grandes jogadores. Porém, igual a Pelé não aparece. Completo, perna direita, perna esquerda, impulsão, chute, cabeceio, corrida, gols, maior artilheiro do futebol mundial de todos os tempos. Penso que seu Dondinho e dona Celeste rasgaram a fórmula e não aparece mais um jogador igual a Pelé”.

Todas as declarações que compõem esta matéria foram dadas em entrevistas concedidas por ocasião da comemoração do aniversário de 80 anos de Pelé.

Pelé/Facebook Oficial

Morreu um dos maiores homens da história, o maior de todos, o Rei do Futebol.

Mais de 1.000 gols, conhecido até pelos gols que não conseguiu fazer.

Nasceu em Três Corações, um município pequeno que se tornou gigante pelo filho que viu nascer.

Um cara simples.

Aos 13 anos, já era titular de seu time em Bauru, São Paulo.

Ganhou tantos títulos!

Com 17 anos, já era ovacionado na seleção brasileira.

Esteve em 72 Países.

Na África, sua presença foi o bastante para parar uma guerra.

Onde quer que esteja, tchau, PELÉ!

Morreu, em São Paulo, aos 82 anos, Pelé, o Rei do Futebol.

O câncer matou Pelé.

Estava internado no Hospital Albert Einstein.

Perfil oficial do jogador no Instagram anuncia a morte do jogador:

Instagram⏐reprodução

Seguindo a orientação da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), o último dia de atendimento ao público em 2022 nas agências do Banese será nesta quinta-feira (29). Na sexta-feira (30), os funcionários realizarão expediente interno e as unidades de negócios não abrirão para atendimento ao público.

Nesta data, assim como acontece nos finais de semana e feriados, os clientes poderão utilizar os canais de autoatendimento do Banese, como aplicativo (app)internet banking, caixas eletrônicos e correspondentes bancários.

As faturas e boletos, como água, energia telefone, entre outros, com vencimento neste período poderão ser pagos sem acréscimo no dia útil seguinte.

Banese

Cuidado com golpes

Final de ano é, tradicionalmente, um período em que há maior circulação de dinheiro na economia, por isso, os cuidados com segurança devem ser redobrados. Ao usar os caixas eletrônicos, o cliente nunca deve aceitar ajuda de estranhos. Caso precise de orientação, busque um funcionário do banco devidamente identificado nos dias de atendimento ao público.

Já no ambiente virtual, desconfie de mensagens de texto (SMS) com links ou ligações de supostos funcionários do banco pedindo senhas ou códigos de segurança. As instituições financeiras nunca ligam pedindo esses dados. Na dúvida, desligue a ligação e entre em contato com o banco através de seus canais oficiais utilizando outro aparelho telefônico. Se for realizar compras pela internet, utilize o cartão virtual.

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Se for acessar o site do seu banco no computador, dê preferência ao acesso digitando o endereço na barra do navegador ao invés de utilizar mecanismos de buscas, como o Google e outros. 

Em caso de perda ou roubo/furto do celular, é necessário que haja rápida comunicação do fato à instituição financeira onde a vítima possui relacionamento, e às autoridades policiais, além do bloqueio de todos os cartões e acessos aos aplicativos bancários.

Proteja seu smartphone

Confira algumas recomendações para ampliar a proteção dos dados no seu smartphone:

• Configure uma senha ou biometria para acesso ao dispositivo;

• Habilite a função de rastreio do aparelho, pois desta forma é possível apagar, mesmo à distância, os dados do aparelho;

• Ative a função de bloqueio do chip da operadora com o PIN;

• Instale aplicativos somente das lojas oficiais (App Store ou Play Store);

• Tenha o código IMEI do aparelho anotado em casa e use-o em caso de roubo. Para saber qual é o código IMEI do seu telefone, basta digitar no teclado *#06# e o número aparecerá na tela.

No próximo sábado, dia 31, a Prefeitura de Aracaju realizará o Réveillon 2023, na Orla da Atalaia. Por conta do evento que celebra a chegada do novo ano, o trânsito na região sofrerá alterações.

A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) montou uma grande operação para garantir a mobilidade urbana e a segurança da população que irá aproveitar o evento.

Serão 50 agentes atuando na Operação Réveillon 2023. No sábado, 31, a partir das 15h, o trânsito na avenida Santos Dumont, nos dois sentidos da via, desde o retorno do antigo hotel Parque dos Coqueiros até o retorno do Corpo de Bombeiros, ficará bloqueado.

SMTT Aracaju

Não será permitido estacionar na via. Agentes da SMTT farão uma varredura no trecho, solicitando aos condutores a retirada dos veículos que estiverem estacionados, inclusive, em frente aos hotéis.

Às 18h, haverá um bloqueio no trânsito logo após o retorno do Hotel Sesc, no sentido Sul (praias). Os veículos não poderão seguir pela avenida Santos Dumont, sendo desviados pela rua Dr. Milton Dantas Mendonça.

Além dos bloqueios na avenida Santos Dumont, no sábado, a partir das 18h, também haverá interdição no trânsito na avenida Rotary, próximo ao Terminal da Atalaia. Os condutores que transitam pela avenida Beira Mar não poderão acessar a avenida Rotary, podendo seguir pela rua Arício Guimarães Fortes, ou usar a rotatória e acessar a avenida Desembargador José Antônio de Andrade Goes.

Os veículos que estiverem na Atalaia, nas ruas Jornalista Paulo Costa e Niceu Dantas, poderão convergir à esquerda na avenida Rotary para acessar à Beira Mar, ou cruzar a avenida e seguir pelas rua Aloísio Campos e Cel. José F. de Albuquerque.

Transporte público

O terminal de integração Zona Sul (Atalaia) ficará aberto e estará em funcionamento com os ônibus das linhas especiais do transporte público, entrando em operação a partir das 2h, com destino às diversas localidades de Aracaju e região metropolitana.

Serão colocadas 15 linhas especiais para melhor atender a população:

• Bugio / Siqueira Campos / Atalaia via av. Beira Mar
• Augusto Franco / Inácio Barbosa / Jabotiana / Atalaia via av. Beira Mar
• Eduardo Gomes / Atalaia via av. Beira Mar
• Mosqueiro / Atalaia via av. Melício Machado
• Aquarius / 17 de Março / Atalaia via av. Senador Júlio César Leite
• Fernando Collor / Atalaia via av. Beira Mar
• Marcos Freire I e III e Albano Franco / Atalaia via av. Beira Mar
• Bugio / Santos Dumont / Atalaia via av. Beira Mar
• Sanatório / Atalaia via av. Beira Mar
• Coroa do Meio / Jardins / Médici / rua Alagoas / Atalaia via rua Aloísio Campos
• Parque dos Faróis / Atalaia via av. Beira Mar
• Conj. Jardim / Atalaia via av. Beira Mar
• Santa Maria / Orlando Dantas / Atalaia via av. Beira Mar
• Marcos Freire II / Piabeta / João Alves / Atalaia via av. Beira Mar
• Atalaia Nova / Barra dos Coqueiros / Atalaia via av. Beira Mar

Os demais terminais de integração funcionarão normalmente até 00h do dia 31, reiniciando a operação às 4h do dia 1º de janeiro.

Táxi

Para a população que optar voltar da festa de transporte alternativo, será montado um ponto de táxi na avenida Rotary com rua Niceu Dantas, próximo ao posto de combustível. Outro ponto fica na rua Francisco Rabelo Leite, no fundo do antigo hotel Parque dos Coqueiros.

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Linhas de ônibus

Por conta dos bloqueios na Orla no dia 31, para realização do Réveillon 2023, algumas linhas de ônibus terão os itinerários alterados temporariamente, a partir das 18h. Os ônibus das linhas 600 Circular Praias 01 e 600 Circular Praias 02 farão o seguinte trajeto:

600 CP1: terminal Zona Sul, rua Arício Guimarães Fortes, rua Dep. Clóvis Rollemberg, av. Melício Machado, retorno, av. Melício Machado, retorno, av. Melício Machado, av. Perimetral A Norte (Aruana), av. Inácio Barbosa, Mosqueiro.

600 CP2: Mosqueiro, av. Inácio Barbosa, av. Perimetral A Norte (Aruana), av. Melício Machado, av. Dep. Clóvis Rollemberg, rua Des. João Bosco de Andrade Lima, terminal Zona Sul.

No sentido Sul/Norte, os ônibus das linhas 008 – Porto Sul / Bairro Industrial, 051 – Atalaia / Centro e 100 CS2 – Circular Shoppings 02, farão o seguinte itinerário:

Linha 008: terminal Zona Sul, rótula, av. Dr. José Antônio de Andrade Góis, rua Cel. José Figueiredo de Albuquerque (à esquerda), rua Cônego José Félix de Oliveira, av. Santos Dumont, retorno no Oceanário, av. Santos Dumont.

Linhas 051 e 100 CS2: terminal Zona Sul, rótula, rua Cel. José Figueiredo de Albuquerque (à esquerda), rua Dr. Fernando Sampaio, rua Aloísio Campos.

No sentido Norte/Sul, as linhas 008 – Porto Sul / Bairro Industrial e 100 CS1 – Circular Shoppings 01, farão o seguinte itinerário:

Linha 008: av. Santos Dumont, rua Dr. Milton Dortas Mendonça, av. Des. José Antônio de Andrade Góis, rótula, terminal Zona Sul.

Linha 051 e 100 CS1: rua Aloísio Campos, rua Dr. Milton Dortas Mendonça, av. Des. José Antônio de Andrade Góis, rótula, terminal Zona Sul.

A partir das 18h, algumas linhas de ônibus irão continuar operando sem interrupção até 00h, com reforço da frota. São elas:

• 007 – Fernando Collor / Atalaia
• 008 – Porto Sul / Bairro Industrial
• 051 – Atalaia / Centro
• 080 – Bugio / Atalaia
• 701 – Jardim Atlântico / Mercado via Shopping Riomar

Área de Proteção ao Ciclista

Por conta da realização do Réveillon 2023, no sábado, 31, a Área de Proteção à Prática do Ciclismo (APPC) não irá funcionar. A área retornará na terça-feira, 3, às 4h30.

SMTT

A operadora independente PetroReconcavo realizou na quarta-feira (28), a compra de ativos da petroleira Maha Energy, que opera os campos terrestres de Tartaruga, na Bacia de Sergipe, além do campo de Tiê e dos blocos exploratórios na Bacia do Recôncavo, na Bahia. A aquisição foi fechada por US$ 138 milhões.

De acordo com o comunicado divulgado pela empresa, a transação ainda precisa ser aprovada por autoridades regulatórias, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade) e, além disso, devido às metas de desempenho previstas, a compra pode ter um acréscimo de US$ 36,1 milhões.

ASN

Operações em Sergipe

Este é mais um campo que traz boas expectativas na área onshore para os próximos anos em Sergipe. Além do campo de Tartaruga, outros campos terrestres foram adquiridos para o processo de exploração, a exemplo da compra do Polo Carmópolis, conduzida pela empresa Carmo Energy, pelo valor de US$ 1,1 bilhão.  O polo é composto pelos campos Carmópolis, Aguilhada, Angelim, Aruari, Atalaia Sul, Brejo Grande, Castanhal, Ilha Pequena, Mato Grosso, Riachuelo e Siririzinho, além do Tecarmo e o oleoduto Bonsucesso-Atalaia, que escoa a produção de óleo de Carmópolis até o Tecarmo. O closing da operação aconteceu no último dia 20 de dezembro, data na qual a Carmo Energy iniciou a operação nestes campos terrestres.