Em um cenário onde qualquer descuido pode gerar grandes prejuízos financeiros em golpes praticados pelos cibercriminosos, a Polícia Civil mapeou as principais recomendações de segurança relacionadas a aplicativos de redes sociais, assim como também para outras plataformas e sites na internet. Dentre as orientações, estão a utilização de senhas fortes, ativação de dupla verificação e autenticação de dois fatores, utilização de redes seguras e instalação de antivírus.
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As dicas de segurança foram apresentadas pelo Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), que investiga crimes praticados no ambiente digital. Dentre as principais recomendações de segurança para evitar golpes financeiros está a ativação de camadas de proteção e segurança em programas e ferramentas utilizadas em celulares e computadores. “Evitando que pessoas tanto físicas, quanto jurídicas sejam vítimas de criminosos e tenham os seus dados vazados e suas aplicações financeiras comprometidas”, explicou a delegada Luana Guedes, do Depatri.
É importante utilizar a verificação em duas etapas ou autenticação em dois fatores, assim como enfatizou Lauana Guedes. “É a inclusão de algo a mais, além da senha, ou seja a criação de um código que se recebe por SMS ou por e-mail. Ainda assim, é importante acessar as contas com frequência para verificar se houve alguma movimentação suspeita, podendo fazer a contestação”, sugeriu a delegada.
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Redes seguras
Como camadas adicionais de proteção, Lauana Guedes recomendou a instalação de antivírus, combinado à utilização apenas de redes Wi-Fi próprias – como da residência – ou mesmo os dados móveis do celular. “Além disso, é necessário optar pelos aplicativos oficiais. Quando for acessar um site, observe se há o código de segurança SSL, ou seja, se o endereço tem o ‘s’, em ‘https://’”, complementou Lauana Guedes.
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Senhas fortes
Quando já se está em um ambiente digital considerado seguro, é preciso estar atento à robustez da senha utilizada em aplicativos e sites, conforme Lauana Guedes. “É importante utilizar senhas fortes, maiores e com diversos tipos de caracteres, como letras, números e outros elementos. Também é importante não utilizar a mesma senha em todos os aplicativos e sites”, orientou a delegada.
Verificação de destinatário em transferências
Ao observar a segurança dos sites e dos aplicativos, quando o assunto é transferências bancárias, há ainda a recomendação para verificar o destinatário. “Ao fazer transações na internet, é importante verificar se aquele beneficiário, se aquele destinatário é realmente a pessoa ou a empresa a quem se destina o pagamento. Isso evita cair em diversos tipos de golpes”, enfatizou a delegada Lauana Guedes.
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Dicas de segurança para aplicativos e sites
Ative a verificação em duas etapas dos aplicativos;
Instale um antivírus;
Utilize somente redes Wi-Fi confiáveis, como a da própria residência;
Se desconfiar de uma rede Wi-Fi, utilize apenas os dados móveis;
Não repita senhas em sites e aplicativos diferentes;
Utilize sempre senhas fortes, com números, letras e outros caracteres.
Denúncias e registro de ocorrências
Caso já tenha sido vítima de golpes envolvendo plataformas na internet, a exemplo de redes sociais e sites, é fundamental registrar o boletim de ocorrência em uma delegacia da Polícia Civil ou ainda pela Delegacia Virtual. Qualquer denúncia sobre golpes na internet devem ser encaminhadas à Polícia Civil, por meio do Disque-Denúncia, no telefone 181. O sigilo do denunciante é garantido.
TV Senado
O Ministério Público de Sergipe, por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Simão Dias, assinou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com as coligações partidárias “Trabalho e União por Simão Dias/SE” e “Por uma Simão Dias Muito Melhor”, além de candidatos do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), para que os concorrentes se comprometam a não soltar fogos de artifício durante o período da Campanha Eleitoral de 2024, visando atender a necessidade e bem-estar das crianças, pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista (Tea), idosos e animais.
1ª Promotoria de Justiça de Simão Dias
O acordo é resultado de solicitação realizada pelo Instituto Ana Carollina, uma associação de amigos e familiares que buscam inclusão social para autistas através do esporte, em Simão Dias. O centro solicitou apoio ao MP sergipano diante do uso indiscriminado de fogos de artifício em ações eleitorais com forte emissão sonora, o que prejudica pessoas com autismo.
Em caso de descumprimento total ou parcial das obrigações estabelecidas, as coligações e federações partidárias participantes do acordo estão sujeitas a multa no valor de cinco mil reais por cada violação.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou multa diária de R$ 5 milhões à X Brasil Internet Ltda pelo descumprimento de ordem judicial, estabelecida pelo Tribunal, que suspendeu a operação da plataforma no Brasil.
Alexandre de Moraes (foto de Alejandro Zambrana – TSE) e Elon Musk (Zack – Creative Commons)
A decisão impõe responsabilidade solidária à Starlink, que responderá subsidiariamente caso a X não realize o pagamento.
A determinação se deu na Petição (PET) 12404, e a cobrança vale a partir desta quinta-feira (19/09), data em que o edital com a intimação das partes foi publicado no Diário Oficial. O valor total da dívida será calculado com base na quantidade de dias de descumprimento da decisão.
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O ministro ordenou ainda que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tome providências imediatas para impedir o acesso à plataforma por meio de bloqueio aos servidores “CDN Cloudflare, Fastly e EdgeUno”, e outros semelhantes, criados para burlar a ordem judicial que suspendeu o funcionamento do antigo Twitter no Brasil.
As providências a serem adotadas pela agência reguladora devem ser comunicadas em até 24 horas ao STF. A agência havia comunicado o STF sobre a burla na quarta-feira (18/09).
Um levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre janeiro e junho de 2024 revelou que Sergipe possui a sétima gasolina mais cara do Brasil. O estudo, que abrangeu 122,5 mil postos de combustíveis em todo o país, foi publicado pelo portal R7.
José Cruz ⏐ Agência Brasil
O preço médio do litro da gasolina em Sergipe chegou a R$ 5,99, valor acima da média nacional de R$ 5,78. Os dados mostram que as regiões Norte e Nordeste concentram os 10 estados com o combustível mais caro, sendo Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e Rio Grande do Norte os líderes da lista, com preços chegando a R$ 6,38 por litro.
Segundo a ANP, diversos fatores influenciam o preço final dos combustíveis, incluindo impostos estaduais e federais (PIS/Pasep, Cofins, Cide e ICMS), preços nas refinarias e margens de lucro de distribuição e revenda. A Petrobras afirma que ajustes nos preços são baseados em “análises técnicas detalhadas e independentes”.
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Confira o ranking dos estados com a gasolina mais cara:
Acre (AC) – R$ 6,98
Amazonas (AM) – R$ 6,43
Rondônia (RO) – R$ 6,38
Roraima (RR) – R$ 6,09
Rio Grande do Norte (RN) – R$ 6,07
Bahia (BA) – R$ 6,06
Sergipe (SE) – R$ 5,99
Pará (PA) – R$ 5,95
Ceará (CE) – R$ 5,94
Alagoas (AL) – R$ 5,90
Paraná (PR) – R$ 5,89
Tocantins (TO) – R$ 5,89
Santa Catarina (SC) – R$ 5,88
Espírito Santo (ES) – R$ 5,85
Mato Grosso (MT) – R$ 5,85
Mato Grosso do Sul (MS) – R$ 5,82
Goiás (GO) – R$ 5,77
Rio de Janeiro (RJ) – R$ 5,77
Rio Grande do Sul (RS) – R$ 5,77
Pernambuco (PE) – R$ 5,76
Distrito Federal (DF) – R$ 5,74
Minas Gerais (MG) – R$ 5,67
Paraíba (PB) – R$ 5,67
Maranhão (MA) – R$ 5,66
Amapá (AP) – R$ 5,60
São Paulo (SP) – R$ 5,59
Piauí (PI) – R$ 5,56
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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informa que, ao longo do dia 18/9, constatou que a rede social X [antigo Twitter] estava acessível a usuários, em desrespeito à decisão judicial proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
Com o apoio ativo das prestadoras de telecomunicações e da empresa Cloudfare, foi possível identificar mecanismo que, espera-se, assegure o cumprimento da determinação, com o restabelecimento do bloqueio.
A conduta da rede X demonstra intenção deliberada de descumprir a ordem do STF.
Eventuais novas tentativas de burla ao bloqueio merecerão da Agência as providências cabíveis.
Por Agência Nacional de Telecomunicações
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (19) a vereadora Raíssa Lacerda (PSB), de João Pessoa, Paraíba. A parlamentar, que concorre à reeleição, é suspeita de aliciamento violento de eleitores e de ter ligações com uma facção criminosa.
Raíssa Lacerda|Câmara Municipal de João Pessoa
A prisão ocorreu durante a Operação Território Livre [leia abaixo publicação da PF], que investiga crimes eleitorais na região. Além de Raíssa, outras três pessoas foram detidas na ação.
Segundo a PF, a vereadora teria utilizado sua proximidade com uma organização criminosa para obter votos de forma ilegal [leia nota da defesa ao final da matéria]. O aliciamento eleitoral é considerado crime, com pena prevista de seis meses a um ano de detenção, além de multa.
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Leia a publicação pela PF
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 19/9, na cidade de João Pessoa/PB, a Operação Território Livre, com a fase denominada Segundo Turno.
Esta fase tem como objetivo investigar o crime de aliciamento violento de eleitores e organização criminosa atuante na capital paraibana.
Ao todo, são cumpridos sete mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em João Pessoa.
As diligências de hoje são fruto da análise do material arrecadado na primeira fase da Operação Território Livre e visam complementar as provas de materialidade, autoria e circunstâncias dos crimes investigados.
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Outro lado
A assessoria de comunicação da vereadora se pronunciou nas redes sociais:
Acordamos perplexos com a notícia da prisão da vereadora Raíssa Lacerda pela Polícia Federal e reiteramos sua inocência, estamos todos consternados e abismados com essa situação.
Como dito anteriormente, Raíssa não possui nenhuma ligação com as pessoas que foram citadas no processo da operação “território livre” e a verdade virá à tona e será esclarecida.
Todos saberão da índole de Raíssa Lacerda e de sua honestidade.
Raíssa é inocente e tem como provar.
Ela está sendo vítima de uma ardilosa perseguição eleitoral.
O prefeito Edvaldo Nogueira assinou o Decreto nº 7.808/2024, alterando o Decreto nº 7.431/2023, que dispõe sobre o concurso para procurador municipal de Aracaju.
A mudança amplia o número de vagas disponibilizadas de cinco para dez, além do preenchimento de cadastro reserva, atendendo, de acordo com o gestor da capital, uma necessidade da Procuradoria-Geral do Município (PGM), após a aposentadoria de servidores. O decreto foi publicado na terça-feira, 17, no Diário Oficial.
Edvaldo e Sidney Amaral|PMA
“A realização do concurso para procurador é mais uma demonstração do compromisso da nossa gestão com a cidade. Inicialmente, tínhamos previsto a realização do certame com a oferta de cinco vagas, mas houve a necessidade de ampliar o número para 10, em virtude da aposentadoria de alguns servidores da pasta. Com isso, vamos avançar ainda mais no processo de modernização da máquina administrativa, em funções importantes para garantir a plenitude do Estado de Direito e, acima de tudo, para que a Prefeitura de Aracaju possa servir cada vez melhor à população”, destacou Edvaldo.
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De acordo com o procurador-geral do município, Sidney Amaral Cardoso, a mudança no número de vagas foi uma solicitação da PGM diretamente ao prefeito, uma vez que, durante a preparação do certame, três procuradores se aposentaram. “Entre a autorização do concurso, cuja previsão inicial era de cinco vagas, e os processos de preparação para a realização, que estão acontecendo agora, tivemos três aposentadorias. Mas há ainda a previsão de algumas outras aposentadorias em curso, de modo que o número de dez vagas se mostrou mais apropriado para a realização do concurso, em benefício do município”, explicou.
Procuradoria-Geral do Município (PGM) – Foto: Marcelle Cristinne|AAN
O procurador reiterou ainda a relevância da realização do concurso para a carreira de procurador na capital. “Concursos de carreira jurídica são muito esperados em todo o país, no entanto, o Brasil tem passado por um período de diminuição na realização desses certames, sobretudo no pós-pandemia. Então, esse será mais um marco importante para a gestão municipal”, completou.
O Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) e o Regimento de Cavalaria Mecanizada de Motopatrulhamento (Getam) registraram um sinistro de trânsito entre um carro e uma motocicleta na rodovia SE-170, entre Moita Bonita e Itabaiana. O caso ocorreu na noite dessa quarta-feira (18).
Segundo relato do condutor da motocicleta, ambos veículos seguiam sentido de Moita Bonita a Itabaiana quando, nas proximidades de uma chácara, o carro colidiu na traseira da motocicleta.
Polícia Militar de Sergipe
No acidente, o motociclista caiu, e o motorista do carro perdeu o controle do veículo e colidiu no muro da chácara.
O condutor da motocicleta foi hospitalizado e conduzido consciente ao Hospital de Itabaiana, enquanto que o condutor do carro foi conduzido pela equipe do Getam à PRF de Itabaiana.
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No teste do etilômetro feito no condutor do carro, os policiais identificaram o valor de 1,16 mg/l. Ele também estava com a CNH fora da validade. Diante disso, ele foi conduzido à Delegacia de Itabaiana.
Os veículos estavam com licenciamento em dia e foram entregues mediante Termo de Entrega de Veículos a pessoas ligadas aos condutores.
Policiais civis da 2ª Delegacia Metropolitana (2ª DM) prenderam dois suspeitos de furto praticados na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, na região central de Aracaju. As prisões ocorreram na terça-feira, 17, e na quinta-feira, 18. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 19.
Divulgação
De acordo com o delegado Elder Sanches, que coordenou as equipes na prisão dessa quarta-feira, o caso foi registrado por meio de boletim de ocorrência. “E as equipes da 2ª DM foram mobilizadas para investigar o crime”, detalhou.
Durante as apurações, os investigadores descobriram que um furto semelhante já havia ocorrido na mesma localidade anteriormente. A investigação foi iniciada pela equipe do delegado André Davi.
Ainda segundo o delegado Élder Sanches, a análise de vídeos de segurança e a colaboração de testemunhas levaram à identificação dos suspeitos.
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“Na terça-feira, 17, um dos autores do primeiro furto foi detido. Na manhã seguinte, quarta-feira, 18, a polícia prendeu o responsável pelo segundo furto. As investigações continuam para esclarecer todos os detalhes dos casos”, ressaltou Elder Sanches.
A Polícia Civil solicita que informações e denúncias sobre crimes e suspeitos de ações criminosas sejam repassadas à polícia por meio do Disque-Denúncia no telefone 181. O sigilo é garantido.
Ouça
Enquanto cuida da pequena horta de onde tira alimentos para consumo próprio, Elisangela Jesus da Silva, de 45 anos, mantém uma preocupação na cabeça: o medo de ser despejada. Janja, como é conhecida a agricultora urbana, vive há oito anos na Ocupação Aliança em Cristo, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), no bairro Jiquiá, zona oeste do Recife. Ela mora com o companheiro – eletricista de automóveis – e dois filhos, de 4 e 5 anos.
A dificuldade financeira é o motivo que fez com que Janja encontrasse na ocupação a resposta para uma necessidade fundamental de qualquer pessoa, a moradia.
“Antigamente eu pagava aluguel, mas ficava muito pesado, porque tinha que pagar aluguel, energia, água, vinha remédio, alimentação… A gente passava por muito aperto, muita dificuldade”, relembra em conversa com a Agência Brasil.
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Apesar de as contas da família ficarem menos pressionadas ao viver na ocupação, Janja elege a falta de regularização fundiária como o grande problema atual. “A gente mora aqui, mas não tem legalidade de nada”, diz ela, citando que foram os próprios ocupantes que construíram um sistema de encanamento de água.
“A maior dificuldade é a regularização, a gente quer ser regularizado e ficar tranquilo para, futuramente, não sofrer nenhuma ameaça de despejo”, afirma a agricultora.
Ela relata já ter sofrido episódio de expulsão. “Apareceu um dito-cujo proprietário se dizendo dono da área e nos expulsou.”
A prefeitura do Recife informou à Agência Brasil que a regularização fundiária é realizada em áreas classificadas como zonas especiais de Interesse Social (Zeis), e que a ocupação Aliança em Cristo encontra-se fora dessas áreas.
“Além disso, está situada em uma Área de Preservação Ambiental (APA), entre os rios Jiquiá e Tejipió, o que impossibilita a regularização urbana no local”, afirmou.
Questionada se há algum plano de ação direcionado à situação dos moradores do local, a prefeitura não respondeu até a conclusão da reportagem.
Eleições e direito à habitação
O direito à habitação é uma das questões em jogo no próximo dia 6 de outubro, data do primeiro turno das eleições municipais. Mais de 155,9 milhões de eleitores vão às urnas em 5.569 cidades para escolher prefeitos e vereadores.
Antonio Cruz/Agência Brasil
O direito à moradia reivindicado por Janja é uma garantia de todos os brasileiros, como preza o Artigo 6º da Constituição Federal. O Artigo 23, por sua vez, determina que é competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios “promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico”.
Déficit habitacional
Janja faz parte do conjunto de brasileiros que vivencia o déficit habitacional, estimado em 6,2 milhões de domicílios, segundo um levantamento feito em 2022 pela Fundação João Pinheiro (FPJ), instituição de pesquisa e ensino vinculada à Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão de Minas Gerais.
O levantamento, feito em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, considera déficit habitacional situações como necessidade de substituição ou mesmo construção de habitações devido a precariedades de estrutura, gasto excessivo com aluguel e famílias que precisam coabitar imóveis.
Conjunto de barracos à beira de um canal no Complexo da Maré (RJ) – Foto: Fernando Frazão|Agência Brasil
O estudo foi feito com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal.
A FPJ também estimou que 26,5 milhões de domicílios, cerca de 42% do total existente à época do levantamento, apresentavam ao menos algum tipo de inadequação, seja carência de infraestrutura urbana (energia elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo); pertinente à edificação (ausência de banheiro exclusivo, número de cômodos servindo de dormitório e armazenamento de água, piso e cobertura inadequados) e inadequação fundiária urbana.
Despejos
Além disso, a Campanha Despejo Zero, articulação nacional formada por mais de 175 organizações, entidades, movimentos sociais e coletivos, calcula que haja no país 1,5 milhão de pessoas afetadas por despejo ou remoção forçada.
A organização social Habitat Brasil é uma das instituições que ajudaram no mapeamento de famílias ameaças de despejo, como a da Janja, ou já despejadas. A organização atua no Brasil há 30 anos.
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Um dos eixos prioritários de ação é o acesso à moradia digna. Um programa de melhorias beneficiou mais de 2,6 mil casas, e, por meio do programa governamental Minha Casa, Minha Vida Entidades (concessão de financiamento subsidiado a famílias organizadas por meio de entidades privadas sem fins lucrativos), quase 7,6 mil lares foram construídos. As duas frentes de atuação beneficiaram 51 mil pessoas.
Entes municipais
Neste cenário de poucos dias para as eleições municipais, a diretora executiva da Habitat Brasil, Socorro Leite, reforça que o poder municipal tem papel essencial na garantia do direito à habitação.
“É responsável por criar leis que regulamentem o uso e a ocupação do solo na cidade. Além disso, é na instância municipal que se definem áreas de interesse que podem ser predominantemente utilizadas para habitação de interesse social”, lista a diretora executiva.
Segundo a ativista, cabe ao poder municipal priorizar áreas de interesse social para produzir novas moradias e garantir o cumprimento da função social da propriedade.
Ela enfatiza ainda o papel de articulador para obtenção de recursos. “É fundamental buscar novas fontes de recursos, não contando apenas com os recursos próprios, que muitas vezes são limitados e disputados com outras áreas igualmente importantes. Buscar financiamento e contrapartidas dos governos estadual e federal é essencial”, diz.
No entanto, Socorro Leite adverte que municípios não podem se submeter a ficar “reféns” apenas dos programas federais de habitação. “Vimos isso na gestão federal anterior, que não destinou recursos para habitação de interesse social, paralisando essa política em muitos municípios”, lembra.
A ativista aponta que a regularização fundiária é uma política que deve ser priorizada. “Não ter a posse da terra regularizada significa estar, de certa forma, sob o risco de despejo”, pontua.
Pesquisadora Paula Menezes Salles de Miranda diz que regularização fundiária deve ser prioridade – Fernando Frazão|Agência Brasil
A especialista em urbanismo Paula Menezes Salles de Miranda, professora no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ressalta o papel dos vereadores na questão habitacional.
“Os vereadores podem criar leis relacionadas à provisão habitacional, saneamento, transporte. Eles também podem destinar recursos, a partir de emendas parlamentares municipais, para projetos específicos, como projetos habitacionais, assessorias técnicas que desenvolvem projetos para população vulnerável, movimentos sociais em luta por moradia”, disse à Agência Brasil.
Plano diretor
Um elemento central para a habitação nas cidades é o plano diretor, lei com diretrizes de como a cidade deve ser ocupada e se expandir. Por ser uma lei, reflete a importância das câmaras de vereadores, que aprovam o texto.
Paula Miranda, da Uerj, contextualiza que o plano diretor está previsto no Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), lei que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelecendo diretrizes gerais da política urbana. “O Estatuto da Cidade obriga todos os municípios com mais de 20 mil habitantes a criar o plano diretor, que deve ser renovado a cada dez anos”, esclarece.
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A diretora da Habitat Brasil, Socorro Leite, defende que o documento tenha regras específicas “para regularizar a situação dessas regiões e garantir espaços para a construção de moradias, localizadas em áreas bem estruturadas e com infraestrutura adequada”.
Socorro Leite ressalta que centros urbanos precisam receber atenção especial do plano diretor, “aplicando instrumentos que assegurem a função social da propriedade, como a destinação de imóveis abandonados para a produção de novas moradias”.
Especulação imobiliária
Mais uma função dos planos diretores, acrescenta a ativista, é o combate à especulação imobiliária, ou seja, a prática de comprar imóveis e terrenos com a expectativa principal de revendê-los com lucro, sem uso social. “O município não pode ficar à mercê dos interesses privados”, enfatiza.
Na visão dela, planos diretores não podem apenas favorecer o mercado imobiliário. “O plano tem o poder de estabelecer regras que podem tornar uma área mais ou menos atraente para o mercado imobiliário, interferindo nessa dinâmica e reservando espaços para habitação de interesse social.”
André Moreira/PMA
A urbanista Paula Miranda cita como uma dessas regras a possibilidade de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo (com aumento gradativo).
“O terreno precisa cumprir uma função social, então, caso o município tenha previsto este instrumento, o poder público pode notificar o proprietário para apresentar projeto de edificação no terreno ou de ocupação de construção ociosa. Não cumprida a obrigação, pode ser cobrado o IPTU progressivo até o cumprimento”, detalha Paula Miranda.
A professora de arquitetura e urbanismo, no entanto, lamenta que, por vezes, sequer são criadas leis específicas para regulamentação e combate à especulação imobiliária.
“Apesar da possibilidade de prever, nos planos diretores, uma série de instrumentos que podem exercer controle, de certa forma, sobre a especulação imobiliária, muitas vezes estes não são aplicados. Por vezes, nem são criadas leis específicas para regulamentação. Em alguns casos, o poder público se omite por falta de interesse em relação ao tema, ou por articulação com setores privados”, avalia Paula.
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