Em sua edição desta quinta-feira, 21, o jornal Folha de São Paulo informa que, no Nordeste, o Presidente Jair Bolsonaro é visto como ” Pai dos Pobres” e “Pai de filho corrupto”.

Veja o que publica a Folha:
No início desta semana, a Folha ouviu uma dezena de famílias de baixa renda nas cidades de Salvador, Camaçari e Conde (BA), Aracaju e Barra dos Coqueiros (SE) e se deparou com discursos conflitantes e permeados por inúmeras camadas em relação ao presidente, atualmente sem partido.
Nos últimos dois meses, Bolsonaro visitou Ceará, Piauí, Bahia e Sergipe e ainda vai ao Rio Grande do Norte nesta semana.
Em todas as viagens, invariavelmente, ele tem sido recebido com entusiasmo por seus apoiadores e busca se ancorar em símbolos da região. Vestiu um chapéu de vaqueiro em Penaforte (CE), fez o mesmo em São Raimundo Nonato (PI), e repetiu a dose até em Aracaju (SE), cidade essencialmente urbana.
Na visita a Sergipe, onde participou de uma inauguração em Barra dos Coqueiros (14 km de Aracaju), o presidente sobrevoou uma termoelétrica e passou pela área onde fica a ocupação Jatobá, comunidade com casas improvisadas de madeira nas margens de uma rodovia estadual.
É lá que mora Wellington dos Santos, 35, que diz ter votado no PT em todas as eleições presidenciais desde 2002. Desempregado, ele já vivia de biscates desde antes da pandemia. Passou a receber o auxílio emergencial de R$ 600 desde junho deste ano e diz ter mudado a sua percepção sobre Bolsonaro.
“Vejo ele como uma pessoa que, assim como Lula, trabalha para ajudar os pobres”, afirma Wellington, que diz que aprova o governo Bolsonaro e que o presidente é uma opção de voto nas próximas eleições.
Vizinho de Wellington, o aposentado José Carlos dos Santos, 62, é outro típico lulista e diz que votou no PT nas últimas cinco eleições presicenciais. Nunca recebeu Bolsa Família, mas diz que no período petista a vida era melhor do que atualmente.
“Já votei cinco vezes para Lula e votaria dez”, afirma Santos. Mesmo fiel ao PT, ele diz considerar o governo Bolsonaro razoável. Mas ressalva que o presidente deveria trabalhar mais e falar menos.
Ao contrário de Wellington, José diz que Bolsonaro não é nenhum pai dos pobres, mas sim o “pai de um corrupto”. A referência é ao filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que é investigado sob suspeita de desvio de recursos de seu gabinete quando era deputado estadual no Rio.
Folha de S. Paulo