Agência Aracaju de Notícias

A Prefeitura de Aracaju encerrou as atividades no Hospital de Campanha Cleovansóstenes Pereira Aguiar, na manhã desta sexta-feira, 18. Instalada no Estádio João Hora, a unidade hospitalar provisória, referência para o tratamento de média e baixa complexidade para covid-19 na capital sergipana, foi fundamental para evitar o colapso no sistema de saúde da cidade, recebendo, durante os quatro meses de funcionamento, 461 pacientes dos quais 343 se recuperaram.

A decisão para o fechamento do Hospital de Campanha foi tomada com base nos indicadores que apontam uma desaceleração da doença na capital sergipana. Para simbolizar o encerramento das atividades no hospital, houve uma homenagem aos profissionais que atuaram na linha de frente, aos pacientes que passaram pela unidade provisória e às vítimas, que foram lembradas com balões brancos. O último paciente do Hcamp foi transferido para o Hospital Municipal Fernando Franco, onde dará continuidade ao tratamento.

André Moreira / PMA

“Encerramos hoje as atividades depois de quatro longos meses de assistência e cuidado. Mais de 460 pacientes passaram pelo local e 74% tiveram alta o que demonstra a efetividade da assistência. Estamos aqui para fazer uma homenagem aos profissionais, aos pacientes que por aqui passaram e às 28 vidas que, infelizmente, não conseguimos preservar, mas que tiveram assistência digna aqui. Então, estamos aqui para fazer o fechamento deste hospital, o primeiro Hospital de Campanha de Aracaju, e que graças a Deus atingiu sua finalidade”, declarou a secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza.

A gestora da Saúde destacou que a unidade de atendimento foi erguida para receber pacientes de média e baixa complexidade, mas que, durante seu funcionamento, também atuou para a estabilização de pacientes de alta complexidade. “Nós abrimos tanto a ala vermelha como a ala laranja, com pacientes que necessitaram de respiradores e de tratamentos mais complexos. Obviamente que o paciente grave não precisa somente de respiradores, mas de outros recursos e estes precisavam ser disponibilizados através de leitos de UTI, então alguns pacientes foram transferidos. Mas o objetivo maior, que era dar assistência e não permitir que as pessoas morressem por falta de atendimento, foi alcançado”, ressaltou.

Continuidade no atendimento

Waneska explicou ainda que a Prefeitura continuará mantendo parte da estrutura da rede para ofertar atendimento àqueles que necessitarem durante a pandemia. De acordo com ela, funcionarão sete leitos de internação no Hospital Municipal Fernando Franco, localizado na zona Sul, e cinco no Hospital Municipal Nestor Piva. Estas alas serão destinadas tanto para pacientes com suspeitas de covid-19, quanto para casos confirmados. Também serão mantidos os leitos de internação contratados pelo município, sendo cinco no Hospital Universitário, 10 no Hospital São José e cinco leitos pediátricos no Hospital Santa Isabel.

“Hoje temos uma rede, que inclusive, foi ampliada em virtude da pandemia. Leitos de retaguarda que foram construídos tanto na rede própria, a exemplo dos hospitais Fernando Franco e Nestor Piva, como em hospitais contratados. E a gente vai manter essa rede. Vamos continuar monitorando. através de dados. essa reabertura para que possamos ver a necessidade de ampliação ou de manutenção dessa rede que foi alargada”, detalhou a secretária.

Quanto às unidades de saúde para o atendimento de síndromes gripais, das oito disponibilizadas durante a pandemia, quatro permanecem com os serviços exclusivos: Geraldo Magela (Orlando Dantas), José Machado (Santos Dumont), Ministro Costa Cavalcante (Inácio Barbosa) e Onésimo Pinto (Jardim Centenário).

Dever cumprido

O médico Sebastião Oliveira Júnior esteve entre os profissionais que atuaram na linha de frente do combate à pandemia, no Hospital de Campanha. Para ele, fazer parte das equipes contratadas pela gestão municipal, para este momento, representou a oportunidade de “exercer a cidadania, com muito aprendizado e descobertas pessoais”.

 “Foi um período muito engrandecedor. Deixamos esse local com o sentimento de dever cumprido, de que colocamos em prática um juramento que foi feito ainda quando estudávamos. Todos os profissionais que aqui estiveram têm propósitos de vida e nestes últimos meses esses propósitos foram reafirmados. Hoje, somos tomados pelo sentimento de tristeza, pelas vidas perdidas, mas também de alegria, por aqueles que foram salvos. Só tenho a agradecer pela experiência e oportunidade. Levarei para o resto da vida”, afirmou o médico.

A técnica de enfermagem Eliana Oliveira concordou com o colega. “É um misto de sentimentos que nos toma. Estamos tristes, mas ao mesmo tempo felizes, especialmente porque vemos que, ou o vírus está nos deixando ou estamos criando imunidade. Isso nos dá a esperança de que não perderemos tantas vidas, como já perdemos. Vencemos essa batalha. Foram meses intensos, de trabalho, dedicação e, certamente, estaremos para sempre marcados por esta experiência”, declarou.

Equipamentos

Todos os equipamentos que foram comprados ou doados para o hospital provisório passarão por um processo rigoroso de desinfecção. Após isso, serão levados para as Unidades Básicas de Saúde, para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), hospitais municipais e para a primeira maternidade pública municipal que está sendo erguida no bairro 17 de Março. Da mesma forma, os 12 respiradores que a Secretaria da Saúde recebeu, sendo 10 através do Ministério da Saúde  e dois da empresa Votorantim, serão destinados para os equipamentos de saúde do município.

Profissionais

Durante os quatro meses de atividade, o Hospital de Campanha Cleovansóstenes Aguiar chegou a contar com 460 profissionais, entre eles médicos, nutricionistas, técnicos de enfermagem, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais e apoio de redes.  Parte desses profissionais contratados para o enfrentamento da pandemia será remanejada para a Rede de Atenção Primária e unidades sentinelas