Joedson Telles - Universo Político.com

A menos que esteja pensando em uma aposentadoria precoce, o ex-deputado federal André Moura precisa de uma espécie de selagem capilar em sua imagem de homem público, pra ontem. Aliás, o resultado das últimas eleições já havia lhe dito isso com eloquência. Onde já se viu o político em atividade que mais trouxe recursos para Sergipe levar uma sova do então calouro Alessandro Vieira?

Pra piorar, sua passagem pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro como super secretário, que parecia lhe ajudar, ao que tudo indica, terá efeito contrário – dada a sua exoneração no calor de uma denúncia da Revista Veja.

André Moura – Divulgação

E olha que o prejuízo pode ser ainda maior, caso o governador Wilson Witzel, na corda bamba de um impeachment, cujo processo já foi aberto pelo Legislativo carioca, não seja inocente. Provas irrefutáveis a revelar um Witzel corrupto não ajudariam em nada André Moura, que, no mínimo, daria aos adversários o robusto discurso que ele foi homem forte de um governo fisgado num inquérito por corrupção.

E não duvidem: mesmo que o governador carioca seja inocentado, que o próprio André desmoralize, na Justiça, a Revista Veja, não faltará quem use o episódio “passagem pelo Governo do Rio” contra ele – do mesmo jeitinho que os pontos negativos do ex-presidente Michel Temer foram explorados, a exemplo da sua ligação com o ex-deputado Eduardo Cunha. Aliás, André sabe muito bem o que é ter que se explicar.

Poucos políticos, em Sergipe, têm disposição para o trabalho e habilidade para articular como André. É ingalgável. Entretanto, as urnas ratificam: fatos negativos asfixiam os positivos. A mega ajuda que André deu a Sergipe – inclusive sem discriminar adversários – pesou menos que o olhar crítico sobre a sua imagem e, justo ou não, rejeição foi o veredito…

… Descartando por razões óbvias disputar as eleições para vereador da capital, André sabe que seria um suicídio eleitoral tentar ser prefeito de Aracaju, nas eleições 2020. Deve apoiar o pré-candidato Edvaldo Nogueira (sem aparecer?) e projetar 2022. Tentar voltar à Câmara Federal ou à Assembleia Legislativa se mostra projetos viáveis.

Todavia, como André já provou ser um político arrojado, não será surpresa se na sua cabeça estiver passando a ideia de um voo mais alto: o Senado Federal ou mesmo o Governo do Estado. Seu perfil não deixa dúvidas: se enxergar a mínima chance de vencer a eleição majoritária, André arriscará. E tem que arriscar mesmo. A vida é curta. Agora, sem melhorar a imagem, pode já entrar no jogo derrotado. Mais uma vez.