STJD

Gabriel Barbosa foi suspenso em duas partidas pela Quinta Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol. O atacante do Flamengo foi denunciado por duplo desrespeito contra a arbitragem e acabou punido com uma partida por bater palmas contra a decisão do árbitro e em mais uma partida pelas palavras ditas ao deixar o campo de jogo. A sessão virtual ocorreu nesta quinta, 17 de setembro, e a decisão cabe recurso e deve chegar ao Pleno.

Aos 17 minutos da etapa final, na partida com o Internacional, em 8 de agosto, Gabi recebeu o segundo cartão amarelo por bater palmas, diversas vezes, em direção ao árbitro. Enquanto deixava o campo de jogo, o atacante rubro-negro ainda disse: “isso é uma piada! Por isso que o futebol brasileiro é essa várzea!”, palavras que foram ouvidas pelo árbitro assistente assistente.

A Procuradoria enquadrou Gabriel duas vezes no artigo 258, §2º,II do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva; §2º,inciso II,  desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou reclamar desrespeitosamente contra suas decisões.

O advogado Michel Assef juntou prova de vídeo com o depoimento do atleta, refutou qualquer desrespeito com a arbitragem e pediu a absolvição de Gabriel Barbosa.

“É o Gabigol, aí fica tudo maior. A denúncia diz que foi direcionada a ele (árbitro), mas a súmula fala que quem ouviu foi o quarto árbitro. Se eles forem julgados por resmungar, a gente não vai ter jogador para entrar em campo. Muitas pessoas vão dizer que palmas são deboches e eu digo o contrário, acho muito melhor que reclamar com palavras. Ele bateu palmas com o corpo direcionado ao fundo do campo, quem viu foi o quarto árbitro. O árbitro nem viu as palmas, ele estava de costas. Quem disse que aquelas palmas eram para os árbitros? Não há provas, apenas uma alegação. A defesa não tem como pedir qualquer outra coisa a não ser a absolvição. O artigo do CBJD fala em desrespeitar os membros da arbitragem e que desrespeito é esse? O Gabigol tem um jeito mais debochado, mas se ele deixar de ser assim o futebol vai ficar chato. Não há nenhum desrespeito em bater palmas. Não há prova de que foi direcionado à arbitragem e se fosse, as palmas não são desrespeitosas”, sustentou Assef.

A maioria dos auditores da Comissão discordou da tese defensiva e puniu Gabriel Barbosa.

“Essa questão de direito à opinião, ela tem que ser mitigada ao contexto de uma partida de futebol. Eu vejo que a prova de vídeo é autoexplicativa. A partida estava paralisada, o Flamengo estava perdendo, ele isolou a bola e recebeu o amarelo. A atleta espera o árbitro virar de costas e levanta os braços para aplaudir. Pelo contexto em que se deram essas palmas, a prova é autoexplicativa. Entendo que a primeira conduta está configurada. Quanto à segunda conduta, o atleta diz ‘mano isso é uma piada’. É óbvio que ele pode tecer as considerações que quiser sobre o futebol brasileiro, mas quando ele diz que isso é uma piada, ele está se referindo à decisão do árbitro. Consigo identificar duas vezes a conduta desrespeitosa dele. O próprio atleta no depoimento pessoal reconhece que respeita todos os árbitros, diz que os fatos não vão acontecer novamente. Eu entendo que também restou configurada a segunda infração. Uma partida em cada, totalizando dois jogos”, votou o relator Vanderson Maçullo.

O auditor Eduardo Mello acompanhou o relator quanto à primeira conduta, mas considerou as palavras de Gabi como liberdade de expressão e o absolveu na segunda. Já o auditor Gustavo Caputo entendeu que o atleta do Flamengo não cometeu infração e o absolveu na íntegra.

Acompanhando o relator, a auditora Alessandra Perez Paiva acrescentou.

“Os fatos são incontroversos. No meu entendimento são três atos infracionais. Entendo que o primeiro foi desrespeitoso, o segundo foi desrespeitoso e o terceiro também. Foi essa várzea que consagrou o Gabigol. Quando ele fala isso está desrespeitando a todos e eu acho isso muito gravoso. Existem outras formas de demonstrar insatisfação e são atitudes que ele vem tomando recorrentemente”, explicou Alessandra.

Último a votar, o presidente Otacílio Araújo Neto acompanhou o relator na aplicação de uma partida em cada infração.

Assim, por maioria, Gabriel Barbosa foi suspenso em uma partida pela primeira infração ao artigo 258, inciso II do CBJD e punido em um jogo quanto à segunda conduta.