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Ministro aposentado do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Gilson Dipp chamou de “autoritarismo” o ato do ministro Sergio Moro (Justiça) de avisar autoridades vítimas de hackers que suas mensagens capturadas seriam destruídas.

TCE-GO / Arquivo

“Isso aí é um autoritarismo em nome da proteção de autoridades. O Ministério da Justiça está atuando como investigador, como acusador e como próprio juiz ao mandar destruir provas, se é que isso é verdade. Eu não estou acreditando ainda”, disse Dipp à Folha.

Moro fez telefonemas na tarde desta quinta-feira (25) para avisar autoridades vítimas de hackers que as mensagens capturadas pelo grupo preso pela Polícia Federal serão destruídas.

Entre os que receberam ligações do ministro está o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio Noronha, que disse à Folha ter sido informado pelo próprio chefe da Justiça. A comunicação foi confirmada pela assessoria de Moro.

Dipp diz que a destruição do material só pode ocorrer após determinação judicial e defendeu a abertura de um inquérito para apurar o caso antes que isso seja feito.  

Para ele, Moro dizer a autoridades que vai se desfazer do material coletado pelos hackers “chega a ser ingenuidade”. Ele vê no descarte do material um prejuízo para as investigações e para a defesa dos acusados.

“Estamos vivendo num país surreal. Antes o STF acusava e julgava, agora eu estou vendo que o Ministério da Justiça esta fazendo isso também. As instituições brasileiras estão altamente vulneráveis e por atos arbitrários, seja quem for os que praticam. É estarrecedor”, afirmou.