Augusto Nunes - R7

Obrigado a improvisar um álibi depois de pilhado em flagrante delito, o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, caprichou no papel de inocente indignado. “É fake news”, berrou. Mentiroso é quem se nega a enxergar a revogação do direito de propriedade no seguinte trecho do decreto que mantém o estado de calamidade pública em território sergipano: se a medida contribuir para o combate à pandemia de coronavírus, o governador poderá “requisitar bens móveis e imóveis privados, serviços pessoais e utilização temporária de propriedade particular”.

Belivaldo alega que a medida é autorizada pelo governo federal. Autorizar não é sinônimo de obrigar. Os governantes estão dispensados de infiltrar essa monstruosidade inconstitucional em decretos semelhantes. Belivaldo também jura ter apenas reeditado o decreto anterior, que já previa o confisco. Se é assim, está confessando que é reincidente: faz muitos meses que se concedeu o direito de tomar o que é dos outros. Deveria primeiro tentar explicar onde foram parar os bilhões que choveram em 2020. Ou Belivaldo justifica a gastança ou admite que ajudou a engordar o Covidão.

Jadilson Simões / Alese

BIOGRAFIA DO JORNALISTA AUGUSTO NUNES:

Augusto Nunes estudou na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e começou sua carreira como revisor no Diário dos Associados. Foi repórter em O Estado de S.Paulo e da revista Veja. Dirigiu jornais e revistas como O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil (SP), Veja, Época e Forbes. Apresentou o Roda Viva, da TV Cultura.

Augusto foi quatro vezes vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo e considerado pela Fundação Getúlio Vargas (FVG) um dos mais importantes profissionais da área do país. Envolvido com literatura, um dos livros que organizou e editou foi o Minha Razão de Viver: Memórias de Um Repórter. Escreveu as biografias de Tancredo Neves e de Luís Eduardo Magalhães, além de A Esperança Estilhaçada — Crônica da Crise que Abalou o PT e o Governo Lula.

NOTA DO GOVERNO DE SERGIPE:

É fake news a informação de que o Governo de Sergipe fez um Decreto que vai abolir a propriedade privada. 

Inoportuna, fantasiosa e desleal esta publicação. A previsão de requisição administrativa, em cenários de calamidade, é mera repetição do previsto na CF (art.5, XXV) e no art. 3, VII da Lei 13.979/20 (combate ao coronavirus), lei essa de iniciativa do Presidente Bolsonaro e aprovada pelo Congresso Nacional. Nem velha, nem nova, só repetição. 

O Decreto de Calamidade Pública em vigor é de abril de 2020, sendo apenas renovado. Sergipe infelizmente está sendo vítima de uma enxurrada de fake news construídas para desgastar politicamente o Governo do Estado.