Rubens Marques, Dudu

Anda e vira estão me perguntando porque eu ainda estou no PT, uma vez que apesar de sempre defender o partido tive o meu nome vetado para a disputa da Prefeitura de Estância mais de uma vez, e ainda alguns companheiros já tentaram até me expulsar.

Sobre os questionamentos respondo: qual o outro partido de esquerda que não vive as suas contradições? Esse partido existe na vida real ou só na ficção? Que partido é mais plural do que o PT?

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Quanto à questão da expulsão, quem deve se explicar são os proponentes e não eu.

Não deixo o PT porque sei o quanto o Brasil precisa dele, e esse partido gigante referenciado na classe trabalhadora tem um pouco do meu suor, das minhas lágrimas – e por pouco não teve o meu atestado de óbito.

Estou aqui para lutar e não para me beneficiar, tanto que durante os governos Lula e Dilma – e Déda em Sergipe -nunca me beneficiei e nem beneficiei um único parente.

Eu devo muito ao PT pela minha formação ideológica, e isso é muito caro para mim.

Se não fosse o PT, eu hoje poderia ser um trabalhador reacionário, jogando contra a própria classe trabalhadora para defender interesses da classe dominante.

Tenho vários colegas dos tempos de juventude que, por falta de leitura política, debatem ancorados no achismo ou no dogmatismo, e eu não tenho dúvida de que faltou um partido de esquerda na vida deles.

Quando trabalhei na indústria têxtil senti na pele o significado da exploração e da humilhação, e a partir dali não tive dúvidas de que nunca votaria em candidatos da classe dominante ou a serviço dela.

O meu grande problema no PT é que para mim o centralismo democrático tem limites.

Arrisco a expulsão, mas não voto em quem tem origens na ditadura militar e nem em quem recentemente apoiou o golpe.

Esse partido que nasceu vibrante em uma garagem emprestada por Zé Paulo de Araujo na cidade de Estância, e em seguida funcionou na sede do SINDISA, perdeu a ousadia imprescindível a um partido de esquerda nos últimos anos ao compor com a direita.

Se faltar inteligência a direção para compreender que precisamos reconstruir o partido a médio prazo com o retorno da formação e a retomada do diálogo com as lutas do povo, não logrará exito.

Nenhum quadro é mais importante do que o partido. Por isso, todo vanguardismo deve ser combatido, toda a vaidade deve ser rechaçada.

Viva a classe trabalhadora.