Rodrigo Dias

Encontro foi realizado na última segunda-feira, em Miami. Foto: Divulgação

Quando o assunto são cassinos e jogos de azar, os Estados Unidos são o maior mercado do planeta, movimentando cerca de US$ 500 bilhões (mais de R$ 2 trilhões) por ano. Agora, o país de Donald Trump é um dos maiores lobistas para a legalização e regulamentação dos jogos de azar no Brasil.

Na última segunda, em Miami, na Flórida, autoridades norte-americanas e brasileiras participaram de um seminário de relações bilaterais entre os dois países onde o tema dos jogos de azar foi bastante conversado. A luta pela legalização de cassinos, apostas e jogos de azar em geral no país vem sendo travada desde 2014 e parece estar ganhando contornos cada vez mais favoráveis à regulamentação.

O evento foi organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e teve o apoio do Ministério das Relações Exteriores, do Consulado-Geral do Brasil em Miami e do Banco do Brasil Américas.

Entre as autoridades presentes, destaque para o presidente da República, Jair Bolsonaro, que marcou presença com outros nomes como seu filho e deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, e o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Gilson Machado, além de algumas personalidades ligadas ao esporte e apoiadores do governo Bolsonaro, como Vitor Belfort e Emerson Fittipaldi. Entre os americanos, destaque para o senador Rick Scott, além de Francis Suarez, prefeito de Miami.

Em entrevista à Games Magazine Brasil, o CEO da Brazil Internacional Games (BIG), André Feldman, que participou do encontro se mostrou otimista com a legalização, que ainda enfrenta alguns entraves no Brasil mas tem apoiadores de peso, como o vice-presidente Hamilton Mourão. “Expliquei a minha posição de se legalizar o setor inteiro. O mercado de jogos como um todo e não só a parte dos cassinos integrados. Acredito que temos que regulamentar o jogo como um todo. A gente não pode abrir um setor, um país e dar tudo de presente, 100%, para os grupos estrangeiros. Os brasileiros têm direito de participar e estar presente nessa indústria”, disse.

“Foi um tema muito falado no evento, bem discutido, está na boca de todo mundo e na pauta. Conversei com o governador do Paraná, Ratinho Júnior, que me disse que também está apoiando a legalização. Ou seja, temos boas perspectivas, mas temos de ir em um tijolinho por vez para a construção do caminho”, completou Feldman.

Secretários do Nordeste mostram apoio

Sales Neto, secretário de Turismo do Sergipe, é um dos articuladores | Divulgação

Uma das regiões que mais pode ganhar com a eventual liberação de cassinos é o Nordeste, que tende a potencializar o turismo da região. Ainda de acordo com a Games Magazine, existe um consenso entre secretários de Turismo da região de que a legalização trará muitos frutos ao Nordeste.

Recentemente, o presidente da Associação Brasileira Indústria Hotéis (ABIH-SP), Bruno Omori, recebeu o secretário estadual de Turismo do Sergipe, Sales Neto, que seria o principal articulador pró-cassinos, além do sócio do escritório de direito empresarial FYMSA, Luiz Felipe Maia. A ideia, segundo Omori, é unir secretários de turismo da região e trabalhar as bancadas à favor da legalização.

O Turismo é o setor que mais vem fazendo pressão para a legalização dos jogos. O presidente da Embratur, Gilson Machado, é um defensor confesso da regularização de cassinos no país, uma vez que, segundo ele, o Brasil passaria a atrair o triplo do número atual de turistas.

A expectativa é de que a regulamentação possa gerar uma receita anual de R$ 18 bilhões aos estados. Apesar disso, ainda há parlamentares contrários à liberação, sob a argumentação de que seria um artifício para crimes como lavagem de dinheiro e corrupção, além do risco da formação de monopólios do mercado.

Enquanto os cassinos e casas de apostas não são legalizados no país, os brasileiros podem seguir apostando em sites estrangeiros e faturar com isso, uma vez que estes sites não têm empresa fixa constituída no Brasil, mas sim em países onde os jogos de azar são legalizados. A tendência, no entanto, é que a regulamentação aconteça – o que é um desejo profundo do Executivo.