Assessoria

O *senador Alessandro Vieira, líder do Cidadania* (SE) informou nesta terça (8) durante *sessão da CPI da Covid* que entrou com uma *representação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética* do Senado *contra o senador Luiz Carlos Heinze* (PP-RS) que, segundo ele, por “estar prestando um desserviço ao repetidamente trazer informações falsas”. “A CPI e o Senado não podem se prestar a isso”, declarou Vieira. Ao ouvir a fala do colega sergipano, Heinze respondeu: “As minhas informações não são falsas, pode entrar com representação, sem problema nenhum”.

Na representação, o *senador Alessandro Vieira* informa que seu colega Luis Carlos Heinze “tem utilizado de forma indevida” seu espaço na CPI, “para divulgar informações falsas, manipulando dados e fatos a fim de defender suas crenças ideológicas”. Ainda segundo o texto, “o processo de desinformação desencadeado” por Heinze “tem implicações nefastas diante da grande repercussão da CPI no país”. O requerimento aponta entre as falácias de Heinze:

– Divulgação de supostos *estudos científicos recomendando o tratamento precoce* contra a Covid-19, *incluindo o uso de fármacos reconhecidamente ineficazes*, como *hidroxicloroquina e ivermectina*. 

– Exposição de *estudos desatualizados, incompletos e metodologicamente contraditórios* fazendo crer que existe qualquer evidência científica favorável ao *uso da cloroquina e outros tratamentos precoces* “a respeito dos quais levianamente advoga a favor”. O senador Alessandro cita as sessões em que isso foi feito.

– Referências ao *estudo do infectologista David Boulware, da Universidade do Minnesota, nos EUA*, como se houvesse resultados positivos. “Cabe colacionar os estudos do pesquisador em que não foram demonstrados quaisquer efeitos do medicamento contra a doença.”

– Mencionou protocolos internacionais sobre uso da
cloroquina e hidroxicloroquina ao redor do mundo, ignorando que países como França e Itália também proíbem o uso do medicamento e a Bélgica alerta contra a droga. O protocolo é utilizado em poucos países e sem pesquisas sistemáticas para o aferimento do seu impacto.

“O desserviço prestado pelo senador durante suas falas, aproveitando-se da prerrogativa de sua posição política para disseminar desinformação, tem o potencial de aumentar a crise de saúde pública no país”, insiste a representação, que sequer possui formação médica. “Mesmo diante de tantas e reiteradas advertências, o senador Heinze tem continuado a ser o porta-voz de gravíssimas desinformações”, diz o documento. “As intervenções do senador Heinze na Comissão não foram realizadas para emissão de meras opiniões políticas, mas sim para fazer circular nocivas e reiteradas desinformações, colocando em risco a saúde da população brasileira”, emenda.

Heinze, que integra a tropa de choque do governo federal, que tem minoria na comissão, assumiu temporariamente a vaga de titular no lugar de Ciro Nogueira (PP-PI), que ficará fora do País nesta semana. O senador do Rio Grande do Sul tem participado ativamente das sessões da CPI e defendido o governo federal com protocolos questionados por especialistas. Heinze frequentemente usa dados sem comprovação científica e dados distorcidos. Assim como a atuação na CPI, a carreira política de Heinze é marcada por polêmicas, sendo a principal delas o inquérito a que respondeu sob a racismo e homofobia no STF (Supremo Tribunal Federal). Embora garanta não haver relação com sua atuação na CPI, Heinze é tido como pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul.