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A delação de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do Governo do Rio de Janeiro, envolve o ex-deputado André Moura (PSC) em esquema de propina. André nega qualquer tipo de envolvimento.

Em sua edição deste sábado, o jornal O Globo destaca matéria em que aparece o nome de André Moura.

Veja alguns trechos da matéria:

Wilson Dias / Agência Brasil

Em seu acordo de delação premiada, o ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos afirmou que o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano (PT-RJ), deixou claro em uma conversa que parte dos R$ 100 milhões doados pelo Legislativo para o combate ao coronavírus seria desviada a partir de um esquema de transferência de valores a prefeituras do interior, sob a influência dos deputados da Casa. O dinheiro da propina seria, de acordo com Edmar, dividido com o então vice-governador, Cláudio Castro, que substituiu Wilson Witzel no cargo, e com o ex-secretário estadual da Casa Civil André Moura (PSC), que hoje atua no escritório de representação do estado em Brasília.

Os detalhes estão no anexo 31 do documento.

A Alerj queria encaminhar R$ 25 milhões para Duque de Caxias, o que seria um pedido do deputado estadual Márcio Canella (MDB), mas o então secretário André Moura teria avisado ao presidente da Alerj que não havia mais recursos.

Edmar, no entanto, não acusa Canella de ter recebido propina.

Ainda na versão de Edmar, Canella deixou o gabinete e, em seguida, foi chamado o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD-RJ), que seria emissário de Ceciliano para tratar do assunto. Foi na presença de Bacellar que teria ocorrido o diálogo sobre divisão de propina. Nesta conversa, Ceciliano manifesta descontentamento com André Moura e com Cláudio Castro, deixando claro que os dois participavam do esquema ilícito, chegando a propor que deixaria de fazer pagamentos aos dois e que Edmar se tornaria o único beneficiário dos valores, se ele o ajudasse a receber o dinheiro.

Edmar falou ainda sobre um encontro com André Moura em que ele perguntou ao então secretário quais os motivos para tanta pressa na liberação dos recursos e se Witzel estava ciente e tinha interesse nesses repasses para as prefeituras. De acordo com o ex-secretário, André Moura respondeu que sim e, ao mesmo tempo, esfregou os dedos, num gesto que fazia menção a dinheiro. Para ele, isso dava a entender que Moura seria intermediário de Witzel e passaria para ele recursos ilícitos.

Em junho, a Operação Tris in Idem, determinada pela PGR, cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de Cláudio Castro, hoje governador em exercício, de André Moura e de André Ceciliano.

Em nota, André Moura, que hoje ocupa o cargo de secretário de Representação do governo do Rio em Brasília, afirmou que “desconhece qualquer suposto esquema citado em delação e nega qualquer tipo de envolvimento”.