Assessoria

A Secretaria da Assistência Social de Aracaju identificou diversos indícios de que o grupo de pessoas acampadas na calçada do Centro Administrativo da Prefeitura está sendo manipulado por um pré-candidato a vereador, o qual está agindo com motivação eleitoral com o fim de angariar dividendos políticos. Desde o último dia 2, o grupo se mantém no local reivindicando ser incluído no auxílio-moradia concedido pelo Município.

De acordo com a secretária municipal da Assistência Social, Simone Passos, desde o primeiro momento em que o líder desse movimento, José Paulo Bispo, entrou em contato com a Prefeitura para apresentar a reivindicação, foi possível observar um indicativo de fraude, dada a forma como a reivindicação foi apresentada. 

“No dia 18 de agosto, o coordenador do movimento nos procurou já com a manifestação. Ele não veio previamente com a lista para que pudéssemos dialogar a respeito, avaliar a situação, ele já veio com a manifestação, fato que, a nosso ver, seria o extremo dos extremos, a última instância do pedido. Na ocasião, nos apresentou o advogado, e nós o recebemos com outros três representantes do movimento, questionamos o porquê de ele não ter nos apresentado antes esses manifestantes, durante todo o processo de cadastro e realocação das famílias, sendo que, esse coordenador participou de todo o processo, ele era um dos líderes da Ocupação das Mangabeiras, participou de todas as reuniões, de todas as decisões”, contextualiza a secretária.

De acordo com Simone, as equipes da Secretaria, durante o processo de cadastro das famílias para o projeto residencial das Mangabeiras, iniciado em 2019, contavam, justamente, com a parceria desses líderes da comunidade para fazer o levantamento dos moradores, ou seja, tinham nesses representantes a referência para dar andamento ao projeto.

“Em momento algum ele chegou a apontar qualquer outra família que estivesse fora e, no dia 18, ele esteve aqui e nos apresentou uma lista com 220 nomes, que passaram pela avaliação da Diretoria de Habitação e pelo Cadastro Único. A princípio, identificamos que, dos 220, 111 estavam com nomes repetidos. Sobraram 109 famílias. No fim do relatório técnico, descobrimos que, destas 109, nenhuma estava nas Mangabeiras. São famílias que têm o Cadastro Único em outros municípios, inclusive em outro estado, a exemplo Alagoas. Além disso, algumas pessoas estavam com o CPF inválido. Nesse processo, dez famílias apareceram como moradoras das Mangabeiras, mas o Cadastro único nos mostra que essas famílias alteraram o endereço após a desocupação, pela data que o Cadastro acusa”, garante a secretária da Assistência Social.

Simone ressalta que, chama ainda mais a atenção o fato de os organizadores do movimento terem tido tempo hábil para apontar quais famílias faziam parte da Ocupação das Mangabeiras, já que o processo de levantamento começou há mais de um ano. 

“Para que realizássemos a desocupação, bem como déssemos andamento ao projeto para a construção do complexo habitacional, foi feito um planejamento, que ocorreu de 15 de junho a 24 de julho. Neste período, a Secretaria se reuniu com os coordenadores, discutiu o passo a passo de como iria acontecer, o que era necessário para os que tinham pendência cadastral. Durante a desocupação, colocamos contêineres com equipes para atender às famílias. Antes disso, tivemos equipes que ficaram por lá entre os dias 8 e 10 de julho, justamente para atender às famílias que não foram contempladas pelo projeto. Foram 40 assistentes sociais atuando, visitando barraco por barraco. A ocupação foi monitorada, mapeada”, pontua Simone.

Com base em todo o histórico de ações desenvolvidas, a secretária afirma que o movimento é de causar estranheza, sobretudo a forma como tem sido realizado. Outros sinais apontam que até ônibus está sendo custeado para o transporte das pessoas que estão no acampamento e há também instalação de banheiro químico. 

“Todos os dias de manhã tem chamada, e por qual motivo? Temos imagens de vereadores com os manifestantes, mas, em nenhum momento, houve tentativa de conversa com a Prefeitura, enquanto mediador. Inclusive, o coordenador do movimento é pré-candidato a vereador”, salienta Simone.