André Donke, ESPN

Liverpool e Real Madrid fazem uma decisão gigantesca neste sábado, às 16h (de Brasília) no Stade de France, em Saint-Denis. O fato de valer o título da Uefa Champions League já é o bastante para ser um jogo muito atrativo. Mas há também uma história envolvendo a decisão entre ambos em 2018 e o fato de reunir dois dos três maiores campeões do torneio.

Se ganhar, o time espanhol chega a 14 taças, o dobro do que qualquer outro; já os ingleses irão tentar igualar os sete troféus do Milan e alcançar o posto de segundo clube mais vencedor da história do torneio.

Real Madrid x Liverpool

Histórico de confrontos

São oito jogos entre os dois times na história, sendo todos disputados na Champions League/European Cup. O Real leva a vantagem com quatro vitórias, três derrotas, um empate, dez gols marcados e oito sofridos.

No quesito mata-mata há um empate. Cada um ganhou uma final das que disputaram entre eles (Liverpool ergueu a taça em 1981; o Real, em 2018). Nas oitavas de final de 2008-09, os Reds passaram com um placar agregado de 5 a 0; por outro lado, os merengues despacharam o rival nas quartas de final da edição passada, com um triunfo por 3 a 1 na ida (com dois gols de Vinicius Jr.) e passaram com um 0 a 0 na Inglaterra. Os outros dois confrontos foram na fase de grupos de 2014-15 e tiveram vitórias dos madrilenhos.

Vale mencionar que a última derrota dos merengues em uma decisão do torneio foi justamente para os Reds em 1981. Desde então, o clube espanhol chegou na final em sete oportunidades e venceu todas.

Já o maior artilheiro da história de Real x Liverpool é um assunto para o tópico seguinte…

Os destaques

Ninguém fez mais gols no duelo do que Karim Benzema, que balançou as redes quatro vezes, uma delas no 3 a 1 na final de quatro anos atrás. O francês de 34 anos é fortíssimo candidato a melhor do mundo, independentemente do que aconteça neste sábado. São 44 gols e 15 assistências em 45 jogos na temporada, sendo que foi artilheiro e vice-garçom de LaLiga, com 27 gols e 12 assistências. Na Champions, ele irá terminar como artilheiro e já possui 15 gols, a dois de igualar o recorde de Cristiano Ronaldo (em 2013-14) de maior goleador em uma edição da competição.

Do outro lado, Mohamed Salah chega como protagonista, sendo que foi líder em gols (23) e assistências (13) na Premier League e lidera os Reds em gols (oito) na Champions.

Não bastasse sua temporada incrível pelo clube, seu nome ganha ainda mais destaque pelo ocorrido na decisão de quatro anos atrás, quando teve de ser substituído com 30 minutos após uma disputa com Sergio Ramos. O egípcio quer a revanche, algo que ele mesmo reconheceu assim que o Liverpool passou pela semi e ainda não sabia qual time enfrentaria na decisão. “Eu quero jogar contra o Real Madrid. Preciso ser honesto. Se você está me perguntando pessoalmente, eu quero jogar contra o Real Madrid”, afirmou à BT Sport após duelo contra o Villarreal.

Números na temporada

Cada equipe venceu duas taças na temporada, sendo LaLiga e Supercopa da Espanha para o Real Madrid e Copa da Inglaterra e Copa da Liga Inglesa para o Liverpool. De qualquer forma, a principal taça (campeonato nacional) ficou com os espanhóis. Já quando o assunto é o aproveitamento dos jogos, a média (a cada 90 minutos) de gols marcados e sofridos, há uma vantagem aos ingleses.

LIVERPOOL:

  • Aproveitamento dos pontos*: 81,2% (46 vitórias, 13 empates e 3 derrotas)
  • Gols marcados: 2,35
  • Gols sofridos: 0,75
  • Posse de bola: 63,1%

REAL MADRID:

  • Aproveitamento dos pontos*: 73,9% (38 vitórias, 8 empates e 9 derrotas)
  • Gols marcados: 2,09
  • Gols sofridos: 0,89
  • Posse de bola: 57,3% *jogos decididos nas penalidades são considerados empates

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Duelo particular: Alexander-Arnold x Vini Jr

Benzema e Salah podem chegar como os principais personagens de cada time para a decisão, mas não faltam candidatos a serem protagonistas neste sábado. Dois deles estarão em combate constante na partida em Saint-Denis por conta de suas posições: Trent Alexander-Arnold e Vinicius Jr..

A força ofensiva dos laterais é uma marca registrada do Liverpool de Jurgen Klopp, e Arnold chega para essa decisão vivendo uma temporada espetacular. Ele foi nada menos do que o líder em chances criadas (90) na Premier League – um campeonato que conta com Kevin de Bruyne e Bruno Fernandes. Além disso, suas 12 assistências só foram superadas pelas 13 de Salah.

Agora, a missão do lateral-direito é manter o alto nível apresentado, só que sem se dar qualquer vacilo defensivo, uma vez que no seu lado cai Vinicius Jr, o líder em chances criadas (31) e assistências (seis) na Champions. O atacante brasileiro é uma das grandes evoluções da temporada, tendo virado peça fundamental do Real. São 21 gols e 16 assistências em 51 jogos em 2021-22, sem mencionar a sua qualidade no ‘um contra um’ – foi o líder em dribles certos em LaLiga.

Cuidado, Real!

O Liverpool é o time que registrou 19 gols de bola parada na Premier League, menos apenas que os 19 do Manchester City. Ambos ficaram empatados na liderança em gols de escanteio, com 15. Já na Na Champions, os Reds marcaram oito vezes em situações de bola parada, três acima de qualquer rival. O desenvolvimento deste recurso time de Klopp contou até com o apoio de especialistas em neurociência.

Cuidado, Liverpool!

A história épica do Real nesta Champions faz com que adversário esteja mais do que ciente de uma possibilidade de reação dos merengues, independentemente do placar e do tempo de jogo. No torneio continental, os merengues lideram em gols após os 30 minutos do segundo tempo, com nove, ao lado de Bayern de Munique. Vale destacar que seis deles saíram no mata-mata e que a conta não leva em consideração os gols nas prorrogações contra Chelsea e Manchester City.

Essa foi uma virtude vista também em LaLiga, competição na qual o Real marcou 25 vezes depois dos 31 minutos da etapa final. O time que mais se aproximou da marca foi o Atlético de Madrid, com 19.

Recordes

Não importa o ganhador, teremos um feito memorável no gramado do Stade de France. Se o Real Madrid for o campeão, Ancelotti se isolará como o técnico que mais vezes ergueu a taça da principal competição de clubes do continente: quatro. O italiano já tinha faturado em 2003 e 2007 com o Milan, além de ter levado o seu time atual à conquista de La Décima em 2014. Assim, ele desempataria com Bob Paisley, que ganhou gol o Liverpool em 1977, 1978 e 1981, e com Zinedine Zidane, tricampeão com o Real em 2016, 2017 e 2018.

Do lado do Liverpool, Thiago Alcântara poderá se juntar a Clarence Seedorf como únicos atletas a terem vencido a Champions por três clubes diferentes. O meio-campista dos Reds já faturou o troféu com o Barcelona em 2011 e com o Bayern em 2020. É justo destacar que na primeira conquista ele atuou uma única vez e foi banco sem ser utilizado na decisão. O holandês, por sua vez, conquistou com o Ajax (1995), Real Madrid (1998) e o Milan treinado por Ancelotti (2003 e 2007).

Os principais nomes da final de 2018

Há quatro anos, Gareth Bale, com dois gols (um deles uma pintura), e Loris Karius, que falhou em dois gols após ter sofrido uma concussão, foram os nomes que mais repercutiram do jogo disputado em Kiev. E ambos não estarão envolvidos nesta decisão, embora sigam ligados a seus clubes.

Bale vive um fim melancólico de uma passagem de nove anos pelo Real. O galês tem contrato até o fim da temporada e faz tempo que já não está mais em sintonia com o clube, tendo perdido espaço e atuando só sete vezes na temporada pelo Real, mas continua importante na seleção de seu país. O atleta de 32 anos chegou a ser emprestado ao Tottenham em 2020-21, no qual voltou a ter alguns bons momentos. Nesta Champions, entrou nos minutos derradeiros dos jogos de volta contra PSG e Chelsea. E só.

Já o goleiro de 28 anos foi emprestado ao Besiktas por duas temporadas após a final da Champions de 2018 e se manteve como titular. Já em 2020-21, ele acabou cedido ao Union Berlin e teve de se contentar com a reserva, atuando apenas cinco oportunidades na campanha inteira. De volta aos Reds para seu último ano de contrato em 2021-22, o alemão não atuou uma vez sequer.

Palco da final

Sem falar em grandes eventos de atletismo e rugby, o Stade de France tem uma história riquíssima no futebol, mesmo tento sido inaugurado apenas em 1998. Naquele ano, recebeu a final da Copa do Mundo em que os donos da casa bateram o Brasil por 3 a 0 e conquistaram seu primeiro título da competição. Dois anos depois, foi palco da primeira de suas três finais de Champions: Real Madrid 3 x 0 Valencia. Já em 2006, foi a vez do Barcelona erguer a taça em Saint-Denis ao superar o Arsenal. Agora veremos se a festa espanhola irá seguir ou acabar no estádio com capacidade para 80 mil pessoas (será de 75 mil na decisão deste sábado). Por fim, o local também recebeu a decisão da Euro de 2016, quando Portugal foi campeão de forma inédita ao bater a França.

Arbitragem

Clément Turpin tem 40 anos e é árbitro Fifa desde 2010. O francês apitou a final da Europa League passada, vencida nos pênaltis pelo Villarreal diante do Manchester United, e também esteve em duas finais da Copa da França. Depois de ter apitado dois jogos da Euro 2016 e outros dois da Copa de 2018, ele estará mais uma vez no Mundial em 2022.

O árbitro esteve em seis jogos desta Champions, sendo quatro da fase de grupos, um das oitavas e um das quartas. Sua única partida na competição envolvendo um dos finalistas foi a vitória do Real sobre o Chelsea em Stamford Bridge por 3 a 1. Turpin esteve ainda envolvido na final entre ambas as equipes em 2018 na função de quatro árbitro.

Turpin terá como auxiliares os compatriotas Nicolas Danos e Cyril Gringore, e o quarto árbitro será Benoît Bastien. O comando do VAR é de Jérôme Brisard, que contará com o auxílio do também francês Willy Delajod e dos italianos Massimiliano Irrati e Filippo Meli.