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O cientista brasileiro Miguel Nicolelis realizou uma pesquisa que indica a possibilidade de que vacinas para a dengue possam resultar em alguma forma de proteção contra o novo coronavírus.

De acordo com o levantamento feito, os locais que tiveram maior incidência de dengue em 2019 e início de 2020 registraram menos casos e mortes decorrentes da Covid-19.

Isso pode indicar que há uma interação imunológica entre os dois vírus.

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A pesquisa aponta uma significativa correlação negativa entre incidência, mortalidade e taxa de crescimento da Covid-19 e o percentual da população com níveis de anticorpos IgM para dengue nos Estados do Brasil, país que tem o terceiro maior surto de Covid-19 no mundo, com mais de 4,5 milhões de casos, e o segundo maior número de mortes causadas pela doença – quase 137 mil.

“Se estudos imunológicos confirmarem nossos dados epidemiológicos, esta pode ser uma luz de esperança no combate à Covid-19, porque os nossos resultados para o Brasil e 71 outros países da América Latina, Caribe, África e Ásia sugerem que existe uma reação cruzada inversa entre SARS-CoV- 2 e o vírus da dengue. Nossos estudos epidemiológicos mostram que onde houve muita dengue no Brasil em 2019-2020, a incidência de casos e mortes e a velocidade de crescimento das infecções por coronavírus foram bem menores. Possivelmente, isso explicaria o atraso da pandemia de Covid-19 na região Centro-Oeste, no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no oeste do Paraná, Santa Catarina, interior de Minas Gerais e Bahia, onde houve muita dengue em 2019-20. Se resultados forem confirmados, é a maior descoberta da minha carreira de 38 anos”, esclarece o pesquisador, que é professor catedrático da Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA).

Como forma de validar a observação, Nicolelis expandiu para fora do país a análise da correlação entre dengue e coronavírus. Outros 15 países da América Latina, África e Ásia participaram do estudo e o comportamento se repetiu, segundo ele.

Uma vez que ainda não há tratamento ou vacina disponível contra Covid-19, o estudo poderá abrir portas para novas descobertas.