Um impasse na Justiça Eleitoral pode inviabilizar a candidatura do Partido Liberal (PL) — mesma sigla do presidente Jair Bolsonaro — e tornar a disputa pelo governo de Sergipe monotemática em torno do ex-presidente Lula. Líder nas pesquisas até o momento, o candidato Valmir de Francisquinho (PL) tem elegibilidade incerta em razão de uma condenação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SE) por abuso de poder econômico e político em 2018, quando ocupava o cargo de prefeito de Itabaiana.
Em segundo lugar nas pesquisas, estão empatados tecnicamente o senador Rogério Carvalho (PT-SE) e o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD-SE), que usam como estratégia de campanha o apoio de Lula. Os partidos de ambos costumavam compor a mesma coligação no estado desde 2014. No entanto, nas eleições de 2022, o PT resolveu abandonar o bloco para lançar candidatura própria.
Mitidieri foi o nome escolhido para continuar a gestão do atual governo sergipano, comandado por Belivaldo Chagas Silva (PSD), que tem como vice-governadora uma petista, a jornalista Eliane Aquino. O deputado tem histórico de apoio a Lula, mantendo os votos na Câmara alinhados com os do partido e dando suporte às campanhas do ex-presidente e dos sucessores, Dilma Rousseff e Fernando Haddad.
Discurso nas redes
Por sua vez, Rogério Carvalho, candidato oficial do PT no estado, defende que o palanque do partido em Sergipe é único. Sua campanha reforça a todo momento que ele é o “verdadeiro e exclusivo” nome de Lula para o governo.
Nas redes sociais, é comum o senador alfinetar o candidato do PSD. Entre as provocações, sem citar nomes, o adversário é classificado como fake. Carvalho costuma dizer que é “Lula lá e Rogério cá”, fazendo alusão a marcas da campanha do ex-presidente.
Em vídeo postado por Carvalho, Mitidieri aparece junto a Bolsonaro, na época em que eram colegas de Congresso. A campanha petista tenta atrelar a imagem do rival à do presidente. Na peça, um apresentador chama Mitidieri de “gado”, “bolsominion” e diz que o apoio de Lula vem de “vozes da cabeça” do deputado.
O terceiro cotado na disputa é o do senador Alessandro Vieira (PSDB). A campanha de Vieira o considera como “verdadeira oposição”, pois classifica os opositores, os elegíveis, como sendo do mesmo grupo.
A decisão de tornar Francisquinho inelegível foi proferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho. A ação é resultado de um processo que acusou o então prefeito de Itabaiana de usar de recursos da administração pública para promover a campanha do filho, Talyson Costa (PR), a deputado estadual, em 2018.
Disputa pelo Senado
Ao contrário da disputa pelo governo, em que dois candidatos brigam pelo apoio do ex-presidente Lula, a corrida ao Senado coleciona nomes mais próximos a Bolsonaro. Três deles receberam maior destaque ao longo dos últimos meses: Danielle Garcia (Podemos), Eduardo Amorim (PL) e Laércio Oliveira (PP).
Danielle atuou por 21 anos como delegada da Polícia Civil e ganhou notoriedade quando esteve à frente do Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública do estado. Do mesmo partido de Bolsonaro, Amorim tem vasta carreira na política. Ele é ex-deputado (2007-2010), ex-senador (2011-2019) e também já foi secretário estadual de Saúde.
Laércio Oliveira é declaradamente bolsonarista e está no terceiro mandato consecutivo de deputado federal. Apresenta-se como evangélico presbiteriano desde a juventude e é empresário. Compondo a chapa do PT ao governo, Valadares Filho (PSB) é o candidato da esquerda.