Era um sábado de 1992, dia de eleições municipais. Naquele dia de outubro, Denise Monteiro entrou na antiga Casa de Detenção do Carandiru, na zona norte da capital, em busca de notícias sobre o irmão, que ela chama, carinhosamente, de Nenê. A primeira coisa que sentiu ao chegar naquele lugar, conta, foi um cheiro de creolina misturado com sangue. “Lembro desse cheiro até hoje”, afirmou, durante um seminário promovido pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em memória aos 30 anos do pior episódio já ocorrido em presídios brasileiros: o Massacre do Carandiru.

Um dia antes, a polícia havia entrado na Casa de Detenção para conter um motim de presos que havia começado no Pavilhão 9, local onde ficavam encarcerados os réus primários, aqueles que cumpriam sua primeira pena de prisão. Grande parte deles estava ali aguardando julgamento. Na ação policial, que o Ministério Público mais tarde denunciou como sendo violenta e excessiva, 111 detentos foram mortos. Nenhum policial ficou ferido.

“Quando chegamos [na Casa de Detenção] tinha uma lista com o nome dos falecidos. Não achamos o nome dele [do irmão dela, Maurício Monteiro]. Quando a gente estava entrando lá, tinha um pessoal desesperado porque tinha gente que não tinha o nome na lista, mas tinha sido assassinado”, contou, durante o seminário na Unicamp. “Mas quando vimos o Nenê, quando vi meu irmão, fiquei tranquila. Aquele dia foi chocante”, relembrou.

Nenê, ou Maurício Monteiro, é um dos sobreviventes do massacre. Hoje graduado em Gestão Ambiental e formando-se em Educação Física, ele luta para que o passado não seja esquecido. “Pois assim não cometeremos mais os mesmos erros”, diz.

Monteiro chegou à Casa de Detenção em 1990 e passou a viver no terceiro andar do Pavilhão 9. “Lembro de pessoas sobre a tutela do Estado sendo assassinadas”, disse ele à Agência Brasil.

“Não houve conversa, os policiais já chegaram atirando”.

“Em meio a toda aquela loucura, havia pelo menos um policial, chamado de Tenente, que estava fazendo o possível para que houvesse menos mortes. E, no momento em que iriam atirar dentro de nossa cela, ele evitou o acontecido. Mas, para eu chegar vivo ao pátio, foi só com a misericórdia de Deus”, lembrou.

Naquele dia 2 de outubro de 1992, mesmo dia em que celebrava seu aniversário, o escritor Andre du Rap teve que fingir que estava morto para sobreviver. “Eu fui dado como morto. Meu nome saiu na lista [de mortos]”, contou, durante evento na Unicamp. “Eu comemoro meu aniversário duas vezes: pelo dia que eu nasci e pelo dia em que eu sobrevivi”, destacou.

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Imagem de um pavilhão do complexo à época — Foto: João Wainer/Espaço Memória Carandiru

Sua história no Carandiru foi transformada no livro Sobrevivente Andre Du Rap: do Massacre do Carandiru. E, foi assim, que ele descobriu a literatura e as artes. “Tive o privilégio de, naquele momento, dia do meu aniversário, dia 2 de outubro, tomar uma mordida de um cachorro na cabeça, quatro facadas, um policial quebrar o meu braço em três lugares e ter de me jogar dentro de um elevador e ficar com vários cadáveres sobre mim [para sobreviver]”. Sua história, inclusive, aparece no filme Carandiru, de Hector Babenco, baseado no livro Estação Carandiru, de Dráuzio Varella.

“O Brasil é um país muito violento e de uma história de violências. E não estamos só falando de estatísticas de violência, mas do quanto essa violência foi central pra gente ser o país que é. A gente tem que pensar que nós somos um país colonial e que a colonização foi uma ação violenta, de genocídio, que dizimou populações nativas e povos indígenas, que escravizou populações no continente africano e as trouxe e as manteve sob condições desumanas e de muita violência como escravas no Brasil. Ou seja, nossa economia, nossa existência como país, está fundada em uma violência estruturante”, disse Frederico de Almeida, professor do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e coordenador do Laboratório de Estudos de Política e Criminologia (PolCrim).

Violência que, segundo ele, continua ocorrendo pelo país. 

“Nós estamos falando de massacres realizados em presídios, nós estamos falando de chacinas, nós estamos falando de violência contra os povos originários, nós estamos falando de violência contra os trabalhadores rurais sem-terra, nós estamos falando de uma letalidade policial cotidiana e crescente. São violências que se reproduzem, se perpetuam e que aumentam na nossa democracia. Essa é uma marca do país e é um desafio que o país não conseguiu superar”, disse o professor da Unicamp.

Para Monteiro, o Brasil só irá superar essa marca de violência investindo em políticas públicas, principalmente relacionadas a uma “educação libertadora”.

“É preciso entender o que a história nos diz entre erros e acertos e clamar por políticas públicas efetivas, principalmente ,voltadas à saúde e educação”, disse.

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Ação policial excessiva

Em entrevista à Agência Brasil, o promotor Márcio Friggi, que atuou em quatro dos Tribunais do Júri que responsabilizaram os policiais pelo Massacre no Carandiru, disse que o que aconteceu naquele dia 2 de outubro, há 30 anos, foi “uma ação policial em excesso”.

“Em um primeiro momento, existem possíveis justificativas jurídicas porque havia um motim instalado e o Estado tem o dever de debelar o motim. O problema é qual foi a maneira escolhida [para isso]. Eles [os policiais] fizeram de uma maneira arbitrária, violenta, com violência desnecessária, para além do necessário. Esses excessos intencionais, que chamamos de excesso doloso, afasta qualquer justificativa inicial de que eles agiram em legítima defesa ou em estrito cumprimento do dever legal. Todas [essas justificativas] ficam afastadas quando existe o excesso intencional”, destacou o promotor.

Durante a entrevista, ele citou o caso de Ronaldo Gasparino, que estava preso na Casa de Detenção do Carandiru naquela época. Gasparino era um preso provisório e ainda não tinha sido julgado quando os policiais entraram no Carandiru naquela tarde de sexta-feira. Ele acabou sendo morto.

“Qual o crime do qual ele era acusado? Ele entrou em um coletivo sozinho, com uma faca na mão, chegou no cobrador e disse assim: ‘Pelo amor de Deus, meus filhos estão passando fome. E eu preciso comprar leite para dar para as minhas crianças. Me dá o que você tem aí de dinheiro’. O cobrador entregou a ele o equivalente a R$ 12 hoje. Ele então saiu do ônibus e foi preso poucos minutos depois disso. Existe roubo aí? Existe. Mas vejam as circunstâncias desse roubo”, questionou o promotor.

“Esse indivíduo, sem qualquer outra passagem criminal, com um problema mais social do que jurídico, teve a prisão dele provisória convertida em pena de morte a critério de policiais militares que entenderam que esse era o melhor caminho para se debelar uma rebelião. Será que esse é o caminho que a sociedade entende como mais adequado para construir um verdadeiro estado democrático de direito? Será que realmente as pessoas ainda acreditam que a execução desse tipo de pessoa por policiais militares é um caminho adequado para se ter garantida a segurança e a justiça social? Casos de massacres como o do Carandiru e outros massacres e execuções Brasil afora não apontaram em diminuição do índice de criminalidade”.

Promotor Márcio Friggi

Agência Brasil procurou os advogados dos policiais. Um deles informou à reportagem que não está mais no processo. O outro não respondeu aos pedidos de manifestação.

Na madrugada deste domingo, 2, policiais do 1º Batalhão (1º BPM) prenderam dois homens por suspeita de planfletagem no Bairro Santa Maria, Zona Sul da capital. O caso foi encaminhado à Polícia Federal. 

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PM/SE

Por volta das 2h30, os militares do 1º BPM flagram dois homens na Avenida Alexandre Alcino, em um Fiat Pálio, lançando planfletos de um candidato. Após a abordagem, vários materiais de campanha foram encontrados dentro do veículo. 

Os suspeitos foram presos e encaminhados à Polícia Federal para providências cabíveis. 

O boxe brasileiro se despediu de sua lenda. Morreu neste domingo (02) aos 86 anos, o ex-pugilista Éder Jofre, campeão mundial dos pesos-galo e pesos-pena, entre os anos 60 e 70.

A morte foi confirmada pela família, mas a causa não foi revelada. 

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The Ring Magazine

A conceituada revista The Ring, dos Estados Unidos considerou Éder, conhecido como “O Galo de Ouro”, como um dos melhores pugilistas de todos os tempos, em edição publicada em 2002.

Matéria completa no R7

Policiais militares do Comando de Policiamento Militar Regional 01 (CPMR 01), na noite desse sábado, 1º, prenderam dois homens por suspeita de compra de votos no Bairro Lamarão, Zona Norte de Aracaju. Foram apreendidos materiais de campanha e dinheiro em espécie. 

Durante Operação Eleição 2022, militares do CPMR 01 realizavam patrulhamento nas imediações do Conjunto João Alves Filho, na Grande Aracaju, quando receberam informações de um popular que dois homens realizavam compra de votos na localidade. 

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PM/SE

Mediante a denúncia, os militares intensificaram as diligências e localizaram os suspeitos em veículo Peugeot, cor Branca. Houve um acompanhamento e, no Bairro Lamarão, a equipe procedeu com a abordagem. Com os suspeitos, foram apreendidos materiais de campanha e R$ 2.800,00 em dinheiro. 

Os homens foram presos e o caso encaminhado à Delegacia da Polícia Federal. 

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Roberto Jayme/Arquivo TSE

Eleitores de idade mais avançada estão votando no início da votação em Sergipe, principalmente na Grande Aracaju.

Abstenção nesse eleitorado, até agora, é pequena.

NE Notícias continua acompanhando.

Mais de 156 milhões de brasileiros estão habilitados a ir às urnas nos 26 estados e no Distrito Federal neste domingo (2), das 8h às 17h (horário de Brasília). Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), haverá votação em 5.570 cidades do país e em 181 localidades no exterior.ebcebc

Cinco cargos estão em disputa: deputado federal, estadual ou distrital, senador, governador e presidente da República. 

De acordo com dados do TSE mais de 27,9 mil candidatos vão disputar cadeiras nas eleições proporcionais no Brasil. Destes, 10,6 mil concorrem ao cargo de deputado federal, 16,7 mil disputam uma vaga de deputado estadual e 610 querem uma vaga no Parlamento distrital.

Os candidatos das eleições majoritárias são 1.285, segundo dados do TSE. No total – eleições proporcionais e majoritárias – são cerca de 29,3 mil.

Pelo sistema majoritário – no qual ganha aquele que recebe mais votos – serão escolhidos 27 governadores, 27 senadores e um presidente da República. Se nenhum dos candidatos atingir mais de 50% dos votos válidos, os dois mais votados na primeira etapa disputam o segundo turno das eleições.

Pelo sistema proporcional, serão eleitos 513 deputados federais para a Câmara dos Deputados, além de deputados estaduais e distritais para as 26 assembleias legislativas dos estados e a Câmara Legislativa do Distrito Federal. Para saber o nome dos que vão ocupar as vagas, a conta é diferente. É preciso aplicar os chamados “quociente eleitoral e o quociente partidário”.

O quociente eleitoral é definido pela soma do número de votos válidos (votos de legenda e votos nominais, excluindo-se os brancos e os nulos), dividida pelo número de cadeiras em disputa. Apenas partidos isolados que atingem o quociente eleitoral têm direito a alguma vaga. Na prática, para saber quem foi eleito, é necessário, primeiramente, ter o resultado de quais foram os partidos políticos vitoriosos para, depois, dentro de cada sigla que obteve um número mínimo de votos, verificar quais foram as candidatas e candidatos mais votados.

Funções

O presidente da República e os governadores são os chefes dos respectivos poderes executivos federal, estadual ou distrital. São eles que administram, organizam e conduzem toda a estrutura da administração pública sob sua responsabilidade, durante os quatro anos de seus mandatos. A eles também cabe, entre outras atribuições, propor leis para a respectiva esfera do Poder Legislativo para normatizar e implementar políticas e realizar obras públicas em benefício da população.

Os senadores compõem a chamada Câmara Alta do Congresso Nacional, que tem 81 assentos. No Senado Federal, cada uma das 27 unidades da federação tem três assentos com mandatos de oito anos. A principal função dos senadores é revisar os projetos de lei que são propostos e votados na Câmara dos Deputados antes de seguirem para a sanção presidencial. Os senadores também podem elaborar projetos de lei que serão revistos pela Câmara dos Deputados. Com os deputados federais, os senadores formam o plenário do Congresso Nacional, que tem a competência de promulgar emendas constitucionais e analisar vetos presidenciais às normas elaboradas pelas casas legislativas.

Também é de responsabilidade dos senadores sabatinar, entre outros, os indicados a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de demais tribunais superiores, do Tribunal de Contas da União (TCU), a procurador-geral da República, corregedor-geral de Justiça, a presidente e diretores do Banco Central e diplomatas chefes de missões diplomáticas.

No início da tarde deste sábado, 1º, policiais do 6º Batalhão de Polícia Militar apreenderam uma motocicleta com restrição de roubo/furto em Estância. O veículo estava sendo conduzido por um adolescente de 16 anos.

A apreensão aconteceu quando os policiais estavam em patrulhamento de rotina no Povoado Biribinha I, na Zona Rural do município, e visualizaram uma motocicleta em atitude suspeita.  Ao perceber a viatura, o condutor, um adolescente de 16 anos de idade, tentou fugir da abordagem policial, mas foi interceptado rapidamente.

Durante o processo de averiguação, os militares identificaram que a numeração da placa da moto estava adulterada com uma fita preta. Além disso, após consultarem o sistema de segurança da SSP, os agentes descobriram que o veículo possuía restrição de roubo/furto.

O adolescente informou que havia comprado a motocicleta na feira das trocas do Bairro Cidade Nova, também em Estância. Ele foi encaminhado à delegacia, acompanhado do responsável, para que fossem tomadas as medidas cabíveis.

A PF cumpriu, este sábado (01/10), na cidade de Itabaiana, 3 mandados de busca e apreensão (MBAs), para apurar suposta prática de abuso de propaganda eleitoral, mediante a utilização de fogos de artifício.

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PF/SE

A ação investiga possível desrespeito à norma  do TSE  que proíbe propaganda eleitoral que “perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de instrumentos sonoros ou sinais acústicos, inclusive aqueles provocados por fogos de artifício” – art. 22, inc. VII, da Resolução 23.610.

O ato propaganda abusiva teria sido praticado em um comício realizado no dia 29/9.

Após o deferimento de representação policial pela Justiça, foram expedidos mandados de busca e apreensão para os endereços de 3 comitês eleitorais. O cumprimento dos mandados resultou na apreensão de 10 caixas de fogos de artifício.

O prêmio de R$ 317,8 milhões do concurso 2.525 da Mega-Sena será dividido entre duas apostas, uma feita pela internet e outra na cidade de Fernandópolis, no interior de São Paulo. Cada uma vai pagar um prêmio de R$ 158.926.894,27.ebcebc

O sorteio foi realizado na noite desse sábado (1º), no Espaço da Sorte, localizado na cidade de São Paulo. As dezenas sorteadas foram: 04-13-21-26-47-51.

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Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A quina registrou 814 apostas vencedoras; cada acertador vai receber R$ 33.910,24. A quadra teve 52.760 apostas ganhadoras, cada apostador receberá o prêmio de R$ 747,39.

O próximo sorteio será realizado na quarta-feira (5) e a estimativa é de um prêmio de R$ 3 milhões.

As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio, nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.

Os brasileiros que vão às urnas hoje (2) para o primeiro turno das eleições têm 11 opções de candidatos ao posto mais alto do país. Caso algum postulante à Presidência da República obtenha mais de 50% dos votos válidos, será considerado vencedor do pleito. Do contrário, os dois que obtiverem mais votos disputarão o segundo turno.ebcebc

Os partidos tiveram até o dia 15 de agosto para apresentar os pedidos de candidatura. Coube ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar os registros e dois nomes foram afastados do páreo. Pablo Marçal, que travava uma disputa pelo comando do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), foi impedido de concorrer à Presidência. Além disso, Roberto Jefferson (PTB) foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa e considerado inelegível. A legenda substituiu sua candidatura, lançando Padre Kelmon, até então vice na chapa.

Ciro Gomes (PDT)

Nascido em Pindamonhangaba (SP), Ciro Gomes iniciou sua carreira política no Ceará, onde foi prefeito da capital Fortaleza entre 1989 e 1990 e governador do estado entre 1991 e 1994. Ele é filho do cearense José Euclides Ferreira Gomes Júnior, natural de Sobral (CE) e prefeito da cidade entre 1977 e 1983. Ciro tem outros dois irmãos que se embrenharam pela política: o senador Cid Gomes e o atual prefeito de Sobral, Ivo Gomes.

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Ciro Gomes foi professor universitário – Keiny Andrade/Divulgação

Em 1994, projetando-se na política nacional, Ciro assumiu o Ministério da Fazenda durante o governo Itamar Franco (1992-1994). Seu nome foi indicado pelo PSDB, seu partido na época. Ele foi ainda ministro da Integração Nacional entre 2003 e 2006, nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua trajetória política ainda inclui um mandato como deputado federal e dois como deputado estadual, todos pelo Ceará.

Ciro Gomes é formado em direito e foi professor de direito tributário na Universidade de Fortaleza (Unifor). Ele também desenvolveu estudos na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, onde foi aprovado em processo seletivo para pesquisador visitante (visiting scholar).

Aos 64 anos, ele disputa a Presidência da República pela quarta vez: foi o terceiro mais votado nos pleitos de 1998 e 2018 e o quarto na disputa de 2002. Filiado ao PDT desde 2015, Ciro tem um histórico de trocas partidárias já tendo pertencido aos quadros de outras seis legendas, algumas já extintas ou renomeadas: PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB e PROS.

A candidata a vice-presidente na chapa é Ana Paula Matos (PDT), vice-prefeita de Salvador, eleita em 2020 na chapa encabeçada por Bruno Reis (União Brasil). Aos 44 anos, a soteropolitana é servidora concursada da Petrobras, advogada, professora, pós-graduada em finanças e com mestrado em administração.

Constituinte Eymael (DC)

Natural de Porto Alegre, José Maria Eymael cursou filosofia e direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). É advogado com especialização em direito tributário e atua como empresário há 50 anos nas áreas de marketing, comunicação e informática.

Como líder universitário, Eymael presidiu o Centro Acadêmico São Tomás de Aquino da Faculdade de Filosofia da PUC-RS e a Federação dos Estudantes de Universidades Particulares do Rio Grande do Sul. Nessas funções, coordenou campanhas nacionais e regionais como a do barateamento do livro didático.

Em 1962, ingressou no Partido Democrata Cristão (PDC) em Porto Alegre, passando a atuar na Juventude Democrata Cristã. A legenda, no entanto, foi extinta pelo regime militar implantado em 1964. Eymael refundaria a sigla em 1985. 

Eymael foi deputado na Assembleia Constituinte que aprovou a Constituição de 1988. Nestas eleições, ele se registrou como Constituinte Eymael, nome que constará nas urnas.

Aos 83 anos, é a sexta vez em que se candidata à Presidência da República. Ele disputou os pleitos de 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018. O vice na chapa é o economista João Barbosa Bravo, de 75 anos, natural de São Gonçalo (RJ), registrado como Professor Bravo.

Felipe D’Avila (Novo)

Felipe D’Avila, nascido em São Paulo, é cientista político, mestre em administração pública pela Universidade de Harvard e coordenador do movimento Unidos Pelo Brasil. Também é autor de livros de história e política.

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Felipe D’Avilla é cientista político – Duda Portella/Direitos reservados

Essa é a primeira vez em que ele se candidata ao cargo de presidente da República. Mas o envolvimento com a política não é algo novo na tradição familiar.

D’Avila é neto de João Pacheco e Chaves, que presidiu o extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC), foi secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e exerceu sete mandatos de deputado federal. Seu trisavô Elias Antônio Pacheco e Chaves foi um cafeicultor que também ocupou postos políticos relevantes na República Velha, no século 19.

Em 2008, Felipe D’Avila fundou o Centro de Liderança Pública. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos dedicada à formação de líderes políticos.

O candidato a vice-presidente na chapa é o deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG). Nascido em Brasília e formado em administração, ele tem uma trajetória marcante no Movimento Empresa Júnior, chegando à Presidência da Brasil Júnior, a Confederação Brasileira de Empresas Juniores.

Jair Bolsonaro (PL)

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Jair Bolsonaro é militar reformado e atual presidente da República – Reprodução YouTube/Partido Liberal

Nascido em 1955 no município de Glicério (SP) e registrado na cidade paulista de Campinas, Jair Messias Bolsonaro formou-se em 1977 na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Posteriormente, serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército. Militar reformado, tendo chegado a capitão do Exército, ele é atualmente o 38º presidente do Brasil, cargo que assumiu em 1º de janeiro de 2019.

Bolsonaro exerceu sete mandatos de deputado federal pelo Rio de Janeiro entre 1991 e 2018. Antes foi também vereador na capital carioca entre 1989 e 1991.

Três de seus cinco filhos também se embrenharam pela política. Carlos Bolsonaro é vereador na capital carioca, Eduardo Bolsonaro é deputado federal por São Paulo e Flávio Bolsonaro senador pelo Rio de Janeiro.

Ao longo de sua trajetória política, Bolsonaro integrou os quadros de nove partidos. Passou por PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP e PSC. Em 2018, foi eleito presidente da República pelo Partido Social Liberal (PSL). Neste ano, candidatou-se à reeleição pelo PL.

O candidato a vice-presidente na chapa é Walter Braga Netto. Tendo alcançado o posto de general do Exército, ele atualmente é militar da reserva. Natural de Belo Horizonte em 1957, Braga Netto chefiou entre fevereiro de 2018 a janeiro de 2019, a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Na época, ele era comandante Militar do Leste, posto que ocupou até fevereiro de 2019, quando assumiu a chefia do Estado-Maior do Exército. Como integrante do governo comandado por Bolsonaro, ele foi ministro-chefe da Casa Civil e é atualmente ministro da Defesa.

Leo Pericles (UP)

Leonardo Péricles é natural de Belo Horizonte e tem formação de técnico em eletrônica e mecânico de manutenção de máquinas pelo Colégio Padre Eustáquio, onde estudou como bolsista durante o ensino médio. Desde 2011, faz parte do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), organização que atua na defesa da reforma urbana. Há 10 anos, ela mora na comunidade Eliana Silva.

O presidenciável se aproximou da política no movimento estudantil no início dos anos 2000. Foi diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 2009 e 2010, quando estudava Biblioteconomia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), curso que não chegou a concluir. Antes de ingressar no ensino superior, também foi diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

Em 2016, ele esteve à frente da fundação da Unidade Popular (UP), o mais novo partido do sistema político brasileiro. O registro que regularizou a legenda foi obtido junto ao TSE em dezembro de 2019, após uma campanha que recolheu 1,2 milhão de assinaturas, superando o exigido pela legislação.

Nas eleições municipais de Belo Horizonte em 2008, Leo Pericles foi candidato a vereador pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em 2020, concorreu como vice-prefeito na chapa liderada por Áurea Carolina (PSOL), e terminou o pleito em quarto lugar com 8,33% dos votos.

Em busca do cargo de presidente da República, Leo Pericles tem como vice em sua chapa a dentista Samara Martins, que também é da UP e de Belo Horizonte. A conterrânea e correligionária mora atualmente na periferia de Natal e trabalha no Sistema Único de Saúde. Sua trajetória política também está atrelada à militância no movimento estudantil. Ela foi diretora de mulheres da UNE.

Lula (PT)

Nascido em Garanhuns (PE), Luiz Inácio Lula da Silva se mudou ainda criança para o estado de São Paulo. Durante a adolescência, completou um curso de torneiro mecânico em uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e, posteriormente, passou a trabalhar como metalúrgico na cidade de São Bernardo do Campo, quando também começou a se envolver com a atividade sindical.

No final dos anos 1970 e 1980, Lula liderou grandes greves de metalúrgicos da região do ABC paulista. Junto a outros sindicalistas, intelectuais e militantes de movimentos sociais, fundou o Partido dos Trabalhadores (PT).

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Lula é metalúrgico e ex-presidente da Reública – Reprodução Youtube

Pela legenda, se tornou deputado da Assembleia Constituinte que aprovou a Constituição de 1988 e foi derrotado nas eleições presidenciais de 1989, de 1994 e de 1998. Foi eleito para o posto mais alto do país em 2002, tendo sido reeleito em 2006. Deixou a Presidência em 2010, sendo sucedido por sua então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que venceu as eleições com o seu apoio.

Em 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2018, teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro. As condenações foram anuladas em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que a 13ª Vara Federal em Curitiba não tinha competência legal para julgar as acusações. O STF também considerou posteriormente que Moro agiu sem a devida imparcialidade no processo.

Aos 76 anos, Luiz Inácio Lula da Silva busca seu terceiro mandato como presidente. O candidato a vice em sua chapa é Geraldo Alckmin (PSB) que foi seu adversário na disputa de 2006. Nascido em Pindamonhangaba (SP), ele tem 68 anos, é médico e professor. Alckmin foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e ocupou os quadros do partido entre 1988 e 2021. Ele também foi constituinte e governou São Paulo em duas ocasiões: de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018.

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Padre Kelmon (PTB)

Nascido em Acajutiba (BA), Kelmon Luís da Silva Souza fundou e coordena o Movimento Cristão Conservador Latino-Americano. Ele também integra o Movimento Cristão Conservador do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Kelmon se intitula padre ortodoxo, embora a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil tenha emitido notas afirmando que ele não é membro em nenhuma das suas paróquias, nunca foi seminarista nem integrou o clero. Em resposta, o candidato tem sustentado que pertence à Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do Peru e é pároco na Ilha de Maré, em Salvador.

O nome de Padre Kelmon foi lançado pelo PTB em substituição ao de Roberto Jefferson, que era o candidato original e foi enquadrado pelo TSE na Lei da Ficha Limpa. Aos 45 anos, ele disputa sua primeira eleição e encampou na íntegra o plano de governo que já havia sido produzido.

No PTB desde 2020, Kelmon foi filiado ao PT na juventude. Ele é bastante ativo nas redes sociais, onde divulga para seus seguidores conteúdo com assuntos religiosos e políticos.

O vice em sua chapa é o Pastor Gamonal, também do Movimento Cristão Conservador do PTB. Ele é natural de São João de Meriti (RJ) e tem 50 anos.

Simone Tebet (MDB)

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Simone Tebet é professora universitária – Divulgação campanha Simone Tebet

Nascida em Três Lagoas (MS), Simone Tebet formou-se em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Completou seu mestrado em direito do Estado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e lecionou em universidades públicas e privadas de Mato Grosso do Sul nos anos 1990.

Ela se lançou na carreira política há cerca de 20 anos, seguindo os passos do pai. Ela é filha de Ramez Tebet, falecido em 2006. Político de larga trajetória, ele foi governador de Mato Grosso do Sul, ministro da Integração Nacional nomeado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e senador, tendo presidido a Casa de 2001 a 2003.

Simone Tebet foi eleita deputada da assembleia sul-mato-grossense em 2002 e prefeita de sua cidade natal em 2004. Reeleita em 2008, deixou o comando do executivo municipal em 2010 para ser vice-governadora de Mato Grosso do Sul. Em 2014, tornou-se senadora pelo MDB.

O nome de Tebet ganhou projeção nacional no ano passado após sua atuação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pelo Senado durante a pandemia de covid-19. 

A candidata a vice-presidente na chapa é a também senadora Mara Gabrilli (PSDB), de 53 anos. Tetraplégica em decorrência de um acidente de carro em 1994, ela tem formação como publicitária e como psicóloga. Mara foi vereadora da capital paulista de 2007 a 2010, após ter sido secretária municipal da Pessoa com Deficiência, de 2005 a 2007. Exerceu também dois mandatos como deputada federal, entre 2011 e 2019.

Sofia Manzano (PCB)

A candidata à Presidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB) é a professora e economista Sofia Manzano, nascida em 1971 na cidade de São Paulo. Graduada em ciências econômicas pela PUC-SP, é mestra em desenvolvimento econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutora em história econômica pela Universidade de São Paulo (USP).

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Sofia Manzano é a professora e economista /Redes Sociais

Assumiu o cargo de professora do curso de economia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) em 2013, mudando-se para Vitória da Conquista. Nos últimos anos, vem se dedicando a pesquisas sobre mercado de trabalho e desigualdade social no capitalismo.

Sua militância no PCB teve início durante a campanha presidencial de 1989. Nas eleições de 2014, ela foi candidata à Vice-Presidência na chapa liderada pelo correligionário Mauro Iasi.

Participando ativamente do movimento estudantil, Sofia Manzano foi dirigente do Centro Acadêmico Leão XIII, na PUC-SP, e participou em vários congressos da UNE. Posteriormente, Sofia integrou alguns sindicatos de professores, chegando a ser eleita vice-presidente da Associação de Docentes da UESB entre 2015 e 2016. 

Sua chapa tem como candidato a vice-presidente Antônio Alves, de 42 anos, jornalista natural do Recife filiado ao PCB desde 1999. Ele fez parte de movimentos políticos culturais engajados na busca de solução para os problemas da comunidade. Militou no Núcleo Malcolm X (célula do Movimento Negro Unificado em Paulista) e organizou a Posse Resistência Hip Hop – Paulista Zona Norte, grupo de jovens periféricos que trabalhavam diversos temas de luta, recuperação da autoestima e valorização cultural. 

Soraya Thronicke (União Brasil)

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Soraya Thronicke é advogada/Assessoria de Imprensa

Natural de Dourados (MS), Soraya Thronicke tem 49 anos e é advogada. Ela estreou na política nas eleições de 2018, quando foi eleita senadora pelo seu estado concorrendo pelo PSL. No ano passado, a legenda se fundiu com o Democratas (DEM), dando origem ao União Brasil.

Soraya formou-se em direito na Universidade Anhanguera Educacional (UNAES), em Campo Grande, onde foi aluna de Simone Tebet. Realizou cursos de pós graduação em direito tributário e em direito de família e passou a atuar nessas áreas.

Junto com seu marido, ela também comanda uma rede de motéis na capital de Mato Grosso do Sul.

Cinco anos depois, foi eleita senadora pelo PL.  No Congresso, ela é atualmente coordenadora política da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e também é membro de de oito comissões.

O candidato à Vice-Presidência na sua chapa é Marcos Cintra, também do União Brasil. Aos 76 anos, ele é vice-presidente da Fundação Getulio Vargas (FGV). Formado em economia, ele tem especialização em planejamento econômico pela Unicamp. Foi deputado federal entre 1999 e 2003, quando participou das comissões de Finanças e Tributação e de Reforma Tributária e presidiu a Comissão de Economia, Indústria e Comércio. Em 2019, ocupou o cargo de secretário especial da Receita Federal.

Vera (PSTU)

Vera Lúcia é natural de Inajá (PE), mas se mudou ainda criança com a família para Aracaju. Atualmente, aos 54 anos, mora em São Paulo.

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Vera é cientista social/Reprodução Twitter

Ela começou a trabalhar aos 14 anos, alternando funções de garçonete, faxineira e datilógrafa. Iniciou sua militância quando trabalhava em uma fábrica de calçados, aos 19 anos.

Filiada ao PT por um curto período, Vera Lúcia participou da fundação do PSTU em 1994, figurando nos quadros da sigla desde então. Com atuação no movimento sindical, Vera também tem formação em ciências sociais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Já foi candidata uma vez ao governo de Sergipe, quatro vezes à prefeitura de Aracaju, uma vez à prefeitura de São Paulo e duas vezes à Câmara dos Deputados, mas nunca conseguiu se eleger. Em 2018, disputou pela primeira vez a Presidência da República, conquistando 0,05% dos votos.

Sua chapa tem como candidata à Vice-Presidência a indígena Kunã Yporã (Raquel Tremembé). Da etnia Tremembé, Kunã tem 39 anos e é pedagoga. Ela integra a Associação de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e é membro da Secretaria Executiva Nacional da Central Sindical e Popular Conlutas.