
A Folha de São Paulo deste domingo, 7, destaca a vida do jornalista sergipano João Oliva.
No dizer do freipaulistamo Alcelmo Gois, que assina diariamente uma das mais importantes do jornal O Globo: “João reunia generosidade e brilhantismo”.
Como se compensase a grandeza intelectual, João Oliva era franzino.
Veja o que diz a Folha:
Para compensar a grandeza intelectual, João Oliva era franzino. As pernas finas, quase sempre em calças de cintura alta, eram acompanhadas de cabelos rigorosamente penteados para trás, cheios de gel, que só deixou de passar nos últimos anos de vida.
Muito antes de se tornar membro da Academia Sergipana de Letras, em 2001, honra que o encheu de orgulho e o deixou um pouco mais vaidoso, o jornalista e escritor partiu cedo da minúscula Riachão do Dantas, no interior do estado, onde nasceu.
Órfão aos 6, foi para Boquim aos 13. No município vizinho a Riachão, trabalhou como balconista e desenvolveu o gosto pela poesia após os primeiros contatos com a obra do conterrâneo Hermes Fontes.
O sobrenome Oliva foi adotado por ela após o casamento, mas eles já pertenciam à mesma família: eram primos de primeiro grau.
Mudou-se para Aracaju em 1956, aos 34, transferido pelo IBGE, para o qual escreveu verbetes de municípios sergipanos. Na capital, porém, dedicou-se sobretudo à imprensa.
Nos veículos Gazeta de Sergipe, Diário de Aracaju e A Cruzada, Oliva foi de repórter a redator-chefe, de editorialista a crítico de literatura.
“Foi um dos mais importantes intelectuais que conheci”, diz o sergipano Ancelmo Gois, colunista do jornal O Globo.
“Na época, havia [em Aracaju] um jornalismo voltado às questões locais, quase paroquial. Ele se diferenciava ao olhar para fora. Reunia generosidade e brilhantismo.”
Os editoriais escritos do final da década de 1950 até 1969, alguns meses depois do AI-5, renderam um de seus dois livros, no qual há artigos a favor da anistia a presos políticos e críticos à truculência policial.
A ditadura militar que criticava foi a responsável pela deposição do governador Seixas Dória, de quem Oliva foi secretário de Imprensa.
Também como assessor, desta vez da Universidade Federal de Sergipe, idealizou o Festival de Artes de São Cristóvão, que, com intervalos, acontece há 46 anos.
Para o escritor Francisco J. C. Dantas, autor de “Os Desvalidos” (Companhia das Letras), os textos de Oliva valorizavam o progresso ao mesmo tempo em que “buscavam repor as bases da tradição sergipana”.
Folha de São Paulo