Um mês após receber os primeiros casos confirmados de pacientes com COVID-19, o Hospital de Cirurgia comemora altas médicas e se torna referência no atendimento aos doentes atingidos pelo novo coronavírus. Foi no dia 20 de abril de 2020 que o Cirurgia recebeu o primeiro caso confirmado de paciente com COVID-19 e após um mês de muito trabalho e empenho, os resultados começam a aparecer.

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Redes sociais / Reprodução

Foram muitos os desafios até agora, quando o Hospital de Cirurgia totaliza 60 leitos para tratar a doença. Sendo destes, 30 leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI), 18 leitos clínicos de enfermaria e 12 leitos clínicos individuais. Nesta última sexta-feira, 22, foram disponibilizados os novos leitos da Ala B, que reestruturada, agora conta com equipamentos modernos e equipe pronta e capacitada para atender os doentes.

De acordo com o coordenador da UTI COVID-19 do Hospital, o médico intensivista Dr. Luiz Flávio Prado, até a última sexta-feira, 22, 26 pacientes já receberam alta da UTI. “Quando o doente recebe alta da UTI, ele vai para a enfermaria para terminar o seu tratamento. A maioria deles, inclusive, já deixou o hospital e se recupera em casa. Estes são pacientes muito graves, que quase sempre passam mais de duas semanas na UTI. Mais de dois terços dos pacientes atendidos na UTI até o momento são idosos”, informa o coordenador.

Projeto TELEUTI do HAOC

O Hospital de Cirurgia está fazendo parte do projeto do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo, que tem como objetivo assessorar Unidades de Terapia Intensiva do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. Diariamente, através de videoconferência dentro da própria UTI, a equipe multiprofissional se reúne para discutir os casos mais desafiadores. “Tem sido uma experiência fantástica de crescimento técnico para toda a equipe da UTI. O tratamento da COVID-19 é desafiador e este contato com equipes de um grande hospital de São Paulo que atende pacientes com a doença há mais tempo que a gente, traz mais segurança no manejo dos pacientes”, enfatiza Dr. Luiz Flávio Prado.

Humanização na UTI e Boletim Virtual

Ser paciente de UTI é sempre uma experiência angustiante, pois, quase sempre o paciente fica longe da família, recebendo visitas de 30 minutos uma ou duas vezes ao dia no máximo. No caso da COVID-19, a situação é ainda pior. Devido ao elevado risco de contágio, os pacientes devem ficar isolados dos familiares que não devem ter acesso ao hospital. Sendo esta uma doença grave, no momento de maior angústia para os familiares, eles são separados dos pacientes recebendo informações quase sempre por boletins passados por uma enfermeira ou assistente social, resumindo o que escreveu a equipe médica. Pensando em aliviar esse sofrimento e reduzir a distância entre equipe da UTI e familiares e, principalmente, entre famílias e pacientes, o Hospital de Cirurgia criou a rotina de Visita Virtual, onde, através de vídeo-chamadas, os familiares podem interagir com a equipe da UTI e, quando possível, falar com o paciente por meio do vídeo. Além disso, o hospital foi o primeiro a criar um sistema onde a família recebe uma senha e pode acessar as informações da evolução do paciente através e boletins on-line.

“A rotina é a seguinte: quando o doente interna, uma assistente social entra em contato com a família e identifica o familiar que centralizará a comunicação com a equipe. Este familiar é chamado de ‘porta-voz’. Toda a comunicação será feita através dele. A psicóloga da unidade avalia os pacientes e identifica quem tem condição de se comunicar adequadamente, como também realizar as chamadas de vídeo com as famílias, caso desejem e autorizem”, destaca Dr. Luiz Flávio. Ele ainda informa que a psicóloga também atende os familiares, acolhendo-os e auxiliando-os no enfrentamento deste momento difícil.

“As famílias costumam se emocionar bastante nas ligações. Isso faz com que nos sintamos mais humanos dentro da UTI. A visita virtual faz bem ao paciente e a família, mas faz muito bem, também, aos profissionais da UTI, sem dúvidas”, continua o médico.

Linha de Frente

“A COVID-19 traz um desafio hercúleo em todos os aspectos do trabalho em UTI. É surreal entrar numa UTI com 20 leitos e ver que todos aqueles doentes em estado grave tem a mesma doença. Desde que a doença foi declarada pandemia, a quantidade de informações e, principalmente, desinformações é aterrorizante e precisamos ter muita lucidez para manter o foco no que realmente importa: fazer medicina baseada em boas práticas e nas melhores evidências científicas disponíveis. E assim vamos levando esta missão com muito apoio da gestão do hospital. Temos alcançado resultados excelentes e até surpreendentes para um hospital com perfil de atendimento SUS em Sergipe, e isso se deve a grande coesão entre as equipes multiprofissionais que atuam na UTI. Lá todos somos importantes, cada um no seu papel, todos em um mesmo nível. Há dias de glória, quando conseguimos recuperar e dar alta a um paciente, e dias tristes. Lutamos para que os dias de glória prevaleçam. Tenho que manter esta equipe motivada diante de toda sobrecarga de trabalho. Por sorte, tenho uma equipe apaixonada pelo que faz, e isso é o primeiro passo para o sucesso, no mais, é manter o foco e a organização”, finaliza Dr. Luiz Flávio.

Parceria e comprometimento

De acordo com a Interventora Judicial do Hospital de Cirurgia, a enfermeira Márcia Guimarães, comprometimentos individuais e um esforço em conjunto, são os responsáveis pelo funcionamento das unidades voltadas ao tratamento da COVID-19. “Quero muito agradecer o esforço dos nossos voluntários, das empresas, entidades, associações solidárias, além de instituições como o Tribunal de Justiça de Sergipe – TJ/SE, Ministérios Públicos, Ministério do Trabalho, Governo do Estado e nossas equipes que não mediram esforços para que tudo isso se tonasse realidade”, diz Márcia que está à frente do Hospital de Cirurgia há um ano e meio.

Para o Diretor Técnico do Hospital, Dr. Rilton Morais, o trabalho intenso para entregar os leitos a população sergipana foi o grande destaque desta semana. “Neste momento duro que vivenciamos em todo o mundo, nós do Hospital de Cirurgia não poupamos esforços para transformar, temporariamente, uma unidade destinada inicialmente para enfermarias, em mais 10 leitos de UTI para tratar pacientes que necessitam de cuidados intensos devido à COVID-19. Queremos que todos sejam tratados da melhor maneira possível”, enfatiza o diretor.

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Vadão, técnico da seleção feminina / CBF

Após dura batalha contra o câncer, o ex-técnico da seleção feminina, Oswaldo Alvarez, popularmente conhecido como Vadão, não resistiu e morreu na tarde desta segunda-feira (25). O técnico possuia 63 anos.

Vadão estava internado na UTI do Hospital Albert Einstein desde o último dia 20 para o tratamento de um câncer no fígado.

No último domingo, 24 de maio, acompanhamos estarrecidos as mais de 06 horas de luta dos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU para conseguirem transferir 02 pacientes de suas residências no Centro de Aracaju para uma UTI específica para atendimento de pacientes acometidos com a COVID-19.

Claramente existe um problema no fluxo de regulação estabelecido, com um gargalo na porta de entrada nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), especificamente, no município de Aracaju.

Por não existir condições de atendimento na porta de entrada todo o processo de regulação fica automaticamente prejudicado e mesmo com leitos em unidades no município os pacientes tiveram que ser transferidos para Estância.

Duas vidas foram colocadas em risco por uma falha, reiteradamente alertada, de planejamento por parte do Governo do Estado de Sergipe e da Prefeitura Municipal de Aracaju.

Em decorrência destes fatores, o Partido Cidadania Sergipe, através do seu presidente Estadual, senador Alessandro Vieira e em alinhamento com os seus parlamentares estaduais Georgeo Passos, Kitty Lima e Samuel Carvalho entraram na noite de domingo com representação no Ministério Público Federal para que os fatos sejam devidamente apurados e que as medidas legais sejam devidamente tomadas, em especial no sentido de determinar que Município de Aracaju e o Estado de Sergipe cumpram o que preconiza a Constituição Federal quanto a dignidade da pessoa humana e o acesso à saúde. Além disso, foi solicitado que se cumpram as leis 13.979/2020 e a 12.527/2010 trazendo as reais informações sobre a disponibilidade de UTIs na rede pública municipal e estadual.

O partido também oficiou o Governo do Estado de Sergipe solicitando que sejam informados:

1) Cronograma de disponibilização de novos leitos de UTI em Aracaju;

2) Especificação das necessidades para ampliação do número de leitos em equipamentos já existentes (para além do já previsto); 

3) Status dos 60 respiradores comprados via Consórcio do Nordeste e dos 20 respiradores previstos por doação da iniciativa privada;

4) Previsão de contratação de UTIs na rede privada; 

5) Número de leitos de UTI para casos diversos do Covid-19 disponíveis na rede pública; 

6) Previsão e status de contratação de RH; 

7) Descritivo do funcionamento do HPM para o Covid-19, quantidade de leitos de UTI e demanda de Recursos Humanos no mesmo.

Ofício também foi protocolado junto ao Prefeitura Municipal de Aracaju solicitando que sejam informados:

1) Protocolo adotado para admissão de pacientes com Covid-19 na rede de saúde da Capital;

2) Número de leitos de estabilização para pacientes de Covid-19 na rede municipal; 

3) Procedimento para a regulação de pacientes que necessitam de UTI para a rede Estadual;

4) O motivo para que 02 pacientes de Aracaju, no último dia 24/05, terem sido enviados para um hospital em Estância, por suposta falta de vagas na capital, conforme foi veiculado na imprensa local; 

5) Medidas serão adotadas para realizar correções necessárias no fluxo de atendimento e regulação e que outras unidades municipais podem ser portas de entrada.

Em paralelo, os parlamentares se reunirão nesta segunda-feira, 25, às 17h com representantes do Conselho Federal de Medicina, Federação Nacional de Enfermagem e Conselho Regional de Fisioterapia para entender o que está ocorrendo e construir uma proposta de revisão das medidas adotadas a ser apresentada para os Governos Estadual e Municipal.

Na construção de soluções eficientes é imperativo dialogar com os diversos atores envolvidos. A falta de escuta e diálogo com os profissionais de saúde que estão na linha de frente da operação associada às falhas estruturantes no planejamento poderá custar muitas vidas de cidadãos sergipanos.

É lamentável que o Governo do Estado de Sergipe e a Prefeitura Municipal de Aracaju, depois de quase 70 dias de quarentena, não tenham conseguido garantir um fluxo de regulação efetivo e não consigam apresentar um plano de ação com metas e compromissos claros.

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Divulgação / PMA

Autoridades podem dizer o contrário, mas NE Notícias apurou que a rede pública de saúde em Aracaju já colapsou.

Desde a última sexta-feira, não há vagas em leitos de UTI

Não há vagas em leitos de UTI no Huse nem nas duas UPAs, Fernando Franco e Nestor Piva.

O Hospital de campanha de Aracaju, inexplicavelmente, foi construído sem leitos de UTI.

Ambulâncias do SAMU não encontram vagas em leitos de UTI para internar pacientes com sintomas da Covid-19.

Por isso, como NE Notícias informou, pai e filha sofreram dentro de ambulância aguardando vagas que não se abriram, e só depois de muito tempo foram levados para o hospital de Estância.

O governador Belivaldo Chagas (PSD) não esconde sua preocupação com o avanço do novo coronavírus em Sergipe.

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Arquivo ASN

Ele reconhece que a curva de contaminados está descendo, mas não esconde sua preocupação.

O jornalista Diogenes Brayner informa que, por WhatsApp, o governador manifestou sua preocupação nesta segunda-feira, 25:

A curva de ocupação de leitos e UTU está se agravando. No domingo nós fomos para a casa dos 80% e isso é muito grave. Portanto o decreto será republicado sem alteração, repetindo tudo que já está publicado, para que a gente faça um análise no decorrer da semana e, aí sim, a partir do dia primeiro de junho se edite um outro decreto.”

Belivaldo Chagas
homem mascara celular coronavirus
Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Farolândia e Jabotiana são os bairros mais afetados pela Covid-19 em Aracaju. Na Farolândia, foram registrados 250 casos. Na Jabotiana, 234.

Depois, vem o bairro Luzia, com 203 casos.

Na Zona de Expansão, foram registrados 153 casos.

Jardins vem logo a seguir com 131 infectados.

Atalaia (115), São Conrado (115), Grageru (108), Inácio Barbosa (195), Ponto Novo (103), Santos Dumont (101) e Treze de Julho (100).

O ex-prefeito de São Cristóvão, Alex Rocha, confirmou que o seu pai e também ex-prefeito do município, Lauro Rocha, de 82 anos, está internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Lucas, devido a uma infecção bacteriana. A confirmação foi feita em uma rádio da capital.

Alex disse ainda que o pai foi submetido ao exame de Covid-19, mas testou negativo para o vírus. Os médicos não aceitaram o resultado e pediram uma contraprova, devido ao quadro sintomático do ex-prefeito.

Lauro está estável, mas não pode receber visitas. “Ele mostrou-se estar gripado e com febre, foi quando acionamos o médico do PSF, que de imediato fez o teste da covid-19”, conta Alex Rocha.

hospital aparelho respiratorio alagoas
Carla Cleto / Governo do Estado de Alagoas

Apenas um em cada três pacientes graves de covid-19 que são entubados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Brasil sobrevive.

A mortalidade dos doentes graves é de 66%.

A conclusão é do projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).

alessandro vieira
Geraldo Magela / Agência Senado

Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), não há dúvida de que o Presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.

Alessandro defende que o Congresso forme CPI para apurar:

“Ele não sabe qual o papel da PF e da Presidência, desconhece os limites institucionais. O que eu tenho defendido é que o Congresso acompanhe, investigue e apure os fatos por meio de uma CPI, e não somente se atendo ao debate do impeachment.”

Alessandro Vieira

O sargento reformado da Polícia Militar, Normando Daves, venceu um câncer, mas morreu com a Covid-19.

Tinha 53 anos de idade.

Estava internado e morreu na manhã desta segunda-feira, 25.