Senhor secretário, a Associação Docente das Redes Públicas do Estado de Sergipe tomou conhecimento, pelas redes sociais, de um comunicado interno da Secretaria de Estado da Educação (nº 14025 ⁄ 2020).
Precipuamente, avaliamos como autoritário, contraditório e ameaçador o documento. Outrossim, a utilização de um comunicado interno orientando os gestores com o intuito de intimidar os professores mostra o absoluto despreparo do referido gestor público.
Além disso, estamos vivendo um momento atípico, vivenciando o início da segunda onda do covid-19. Em contrapartida, os professores estão sendo ameaçados de corte salarial nesse período anormal e doloroso para todos.
Ademais, é evidente que alguns gestores de escolas, utilizando o pacto da mediocridade, reproduziram a equivocada interpretação do comunicado interno em escolas, inclusive, que a comunidade escolar percebeu a inviabilidade e decidiu não regressar. Nós, associação docente das redes públicas do estado de Sergipe, repudiamos esse tipo de ação truculenta, ameaçadora e antidemocrática. Desse modo, é preciso saber conviver com o contraditório. Logo, um gestor público que age dessa forma não cabe mais.
É importante salientar que o senhor secretário foi categórico, em audiências com a ADRPES, ao dizer que sua gestão é democrática e que ouviria a todos os segmentos; no entanto, parece que membros de sua equipe de trabalho andam na contramão de sua visão utilizando a ameaça como um mecanismo.
Pergunta-se: o secretário de Educação Josué Modesto Subrinho e o governador Belivaldo Chagas comungam com a política de ameaça?
Mormente, é notório que, apesar da Seduc não admitir, várias escolas que optaram pelo regresso das aulas presenciais testaram positivo para o covid-19. Isso evidencia que os protocolos não foram eficazes e, infelizmente, a comunidade escolar foi acometida pelo vírus.
Segundo o Governador, as escolas que entendessem que não poderiam retornar fizessem relatório e comunicassem à Seduc. Sob tal ótica, algumas escolas seguiram a orientação do governador publicizada na TV. De acordo com a autonomia, as referidas escolas reuniram-se com a comunidade escolar (pais, alunos, funcionários, professores e o representante escolhido de biossegurança), avaliaram, concluíram que impossibilidade da volta das aulas presenciais e comunicaram à Secretaria de Educação.
Conquanto, alguns gestores, contrariando o relatório feito pela comunidade escolar e baseando-se no ameaçador comunicado interno que virou externo, querem obrigar os docentes e a comunidade escolar a voltar às aulas presenciais. Todavia, esses mesmos gestores sentaram com a comunidade escolar e decidiram pelo não retorno.
Pergunta-se: se antes a escola fez um relatório com a participação do gestor, que faz parte do conselho, e constataram que a escola não tem condições de regressar às aulas presenciais, por que agora tem?
Sobretudo, é preciso que a Seduc entenda que na democracia respeita-se o contraditório. Dessa maneira, a decisão da comunidade escolar deve ser respeitada, pois são esses segmentos que estão no chão da escola.
Em síntese, esperamos que a Secretaria de Estado da Educação repense a tal medida temível e venha a público afirmar que zela pelo bem-estar de todos, pela democracia e que respeitará a decisão tomada por cada unidade de ensino. Com efeito, será perceptível que a saúde e vida são prioridades do atual governo, que na época das eleições dizia que era a “solução”.
Aguardamos a resposta da Seduc diante da inaceitável ameaça.