Época

O empresário Sadi Gitz, da indústria cerâmica Escurial, se suicidou nesta quinta-feira 4, durante o Simpósio de Oportunidades – Novo Cenário da Cadeia do Gás Natural em Sergipe. O evento contava com a presença do governador Belivaldo Chagas e do ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Na segunda fila da plateia, logo após o pronunciamento do governador, ele atirou contra si. Para colegas, o ato foi uma forma de protesto.

Gitz atuou na Superintendência de Transporte e Trânsito (SMTT), na Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) e também foi presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese). Em 1993, fundou uma fábrica de pisos, a Escurial, em Nossa Senhora do Socorro, na região da grande Aracaju.

O presidente da Assedis (Associação das Empresas do Distrito Industrial de Socorro), Celso Hiroshi, trabalhou até 2015 na empresa, e conta que a crise econômica fez com que o negócio entrasse em recuperação judicial e, em maio deste ano, em hibernação. “Essa é uma indústria que consome muito gás e os equipamentos antigos consomem mais ainda. A modernização era inevitável, mas o investimento foi acontecendo e a crise fez com que a modernização não fosse concluída”, conta. Com os preços altos do gás, a única solução foi hibernar a empresa e comprometer cerca de 600 empregos diretos e indiretos.

Hiroshi estava hoje no auditório do evento quando tudo aconteceu. “Foi brutal. O auditório estava lotado e a expectativa era muito positiva em relação ao gás no Sergipe. De repente, isso aconteceu”, diz.

A sensação dos colegas é de que Gitz não teve tempo de salvar os negócios. “A sua fábrica entrou em recuperação judicial, mas ao mesmo tempo ele estava montando uma fábrica nova. Só que não conseguiu colocá-la em operação a tempo de salvar os negócios”, conta Marco Aurélio Pinheiro, atual presidente da Acese. “A fábrica estava montada, pronta, mas por falta de recursos ele não conseguiu colocar a nova fábrica para operar”.

Ainda assim, os amigos e familiares não esperavam a atitude do empresário.

“Foi uma forma de protesto. O Sadi nunca passou despercebido e esse caso foi uma maneira de fazer um grand finale, que ele acabou politizando”.

Hiroshi

O advogado Paulo Roberto Dantas Brandão fez um post emocionado no Facebook e falou à ÉPOCA sobre a perda do amigo. “A empresa dele estava com dificuldades, tinha entrado em recuperação judicial. E era uma empresa grande, muito tradicional, na qual foram feitos investimentos altos. Ele vinha protestando há algum tempo contra o preço do gás, inclusive deu entrevistas em programas de rádio falando sobre isso”, conta.

Ele descreve Sadi como um homem “culto, decente, trabalhador e boa gente”. “Pode ter sido, sim, um protesto. Não deixou para ser em outro lugar. Foi em um evento importante aqui de Sergipe”, afirma.

Escrito por Bárbara Libório e Rodrigo Castro, Época