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Na manhã do último sábado, 1º. de maio, moradores do Robalo, zona sul de Aracaju, realizaram um protesto contra a forma como a Prefeitura de Aracaju e a Câmara Municipal transformaram a Zona de Expansão em seis bairros.

O protesto aconteceu na rodovia dos Náufragos, o que fez com o trânsito de veículos ficasse lento e às vezes até interrompido, nos dois sentidos. Mas, não se observou qualquer incidente, já que a polícia militar esteve presente e o local estava bem sinalizado.

Firmo Santos/Facebook

Os moradores que organizaram o ato alegam que tanto a Prefeitura de Aracaju, quanto a Câmara de Vereadores, não cumpriram regras básicas exigidas por lei para a tramitação do projeto de lei, como a realização de audiências públicas, ouvindo os moradores das áreas afetadas. Por essa razão, dizem que a lei trouxe uma série de erros e de transtornos para as comunidades, desrespeitando os costumes, as tradições e a forma de organização social de cada núcleo comunitário.

“Não entendo porque o prefeito Edvaldo Nogueira e o presidente da Câmara, vereador Nitinho, resistem em não reconhecer os problemas que foram criados e aceitam nos receber ou atender os nossos pedidos de informações. O erro cometido é possível de ser consertado. Feio é persistir no erro, quando vários segmentos especializados demonstram tais erros.”, desabafa José Firmo, um dos organizadores do ato. 

Com faixas, discursos com palavras de ordem e com a entrega de panfletos aos motoristas que passavam, os organizadores reivindicam a abertura de diálogo por parte da prefeitura de Aracaju, bem como por parte da Mesa Diretora da Câmara Municipal.

Durante a realização do protesto vários áudios com depoimentos de pessoas idosas ou mais antigas da comunidade foram veiculados. Nos áudios as pessoas falavam da estranheza e da surpresa com a transformação de povoados em bairros e, principalmente sobre as consequências sofridas.  

Em todos os discursos, uma das principais queixas dos moradores é a de que não são recebidos pelas autoridades municipais. Por outro lado, garantem que não vão descansar enquanto não conseguirem reverter a transformação de povoados em bairros.

Segundo Marcelo Gama, nascido no povoado Robalo e um dos integrantes da comissão organizadora o evento foi um sucesso. “O nosso ato neste primeiro de maio marcou a nossa história e os nossos corações de esperança. Foi uma manifestação pacífica e organizada. Uma verdadeira manifestação civilizada. Um grito forte de que não vamos nos render aos poderosos antidemocráticos.” Assegurou, concluindo que o prefeito Edvaldo Nogueira precisa ter humildade e coragem para assumir o erro que considera grave.

Além dos moradores, várias lideranças políticas, comunitárias e representantes de entidades que lidam com a temática se fizeram presentes e discursaram defendendo o diálogo e denunciando o atropelo na votação e aprovação do projeto.

Estiveram presentes ao protesto as vereadoras Ângela Melo e Linda Brasil, o vereador Ricardo Marques, Waldson Costa, representando o mandato do deputado Iran Barbosa, Alexis Pedrão, representando o PSOL, além de representantes da Associação dos Geógrafos do Brasil (AGB), do Conselho Nacional de Arquitetura e Urbanismo (CAU), do Fórum em Defesa da Grande Aracaju, da Associação dos Pescadores e Amigos da Areia Branca, entre professores das universidades, advogados, engenheiros, religiosos e pesquisadores sobre a Zona de Expansão.

Durante esta semana os moradores devem avaliar o protesto e programar as próximas atividades, além de aguardar que a Câmara de Vereadores e o prefeito Edvaldo Nogueira abram um canal de diálogo.