David Leite

Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Causou estupefação [e depois dúvida] a confissão de Rodrigo Janot de que teria entrado em 2017 no STF com uma pistola a fim de matar Gilmar Mendes. Mesmo incoerente com a suposta data do episódio, o relato expõe o tipo do personagem que ocupava um alto cargo da República.

Se de um lado há as patifarias do Caçador de Corruptos Aposentado São Sergio Moro em conluio com a Força Tarefa do MPF na “Lava Jato” para afastar Lula da Silva da disputa eleitoral de 2018, conforme diálogos publicados pelo The Intercept Brasil, tem-se do outro mais cachorradas…

O juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília, absolveu Michel Temer nesta quarta-feira, 16, em ação na qual era acusado por Rodrigo Janot de “tentar obstruir investigações do MPF”, tendo como base uma gravação feita por Joesley Batista.

Na decisão, o magistrado sustenta – vejam o nível da patifaria! – que o MPF editou trechos do áudio e que o conteúdo não configura ilícito penal “nem em tese”. A gravação dizia “tem que manter isso, viu?”, suposto incentivo do então presidente para pagamentos a Eduardo Cunha.

A indignação do juiz foi tamanha que a absolvição do Temerário foi sumária! Ou seja, já no início do processo, quando se entende que não há causa suficiente para a continuidade, pois as provas “não se prestam a secundar as ilações contidas na denúncia”. “Ilações”, você não leu errado.

Devemos confiar na santidade de Michel Temer? Eu não apostaria nem um picolé de mangaba. Contudo, como também confiar em patifes como Rodrigo Janot e Sergio Moro, que utilizaram/utiliza posições como servidores públicos para fins políticos, próprios e alheios?

É eloquente o fechamento da sentença que absolve o Temerário. Nela, o juiz sustenta que o diálogo com Joesley Batista “evidencia, quando muito, bravata do então presidente”, distante da “conduta dolosa de impedir ou embaraçar concretamente investigação”. Precisa dizer mais?

David Leite

É consultor em Marketing Político e Eleitoral.