Desembargador Edson Ulisses de Melo

Educar difere de ensinar. Educar significa preparar para a vida. Ensinar significa desasnar. O primeiro contém o segundo. É abrangente. Parafraseando a máxima grega: Educai  as crianças para não maltratar os homens.

Qual então a relação entre a educação e o machismo?? A resposta é simples: a deseducação. Segundo Rousseau, em seus ensinamentos naturalistas: o homem nasce Bom e a sociedade o corrrompe. Segundo a religião católica os homens e as mulheres foram feitas iguais para crescerem,  multiplicarem e povoarem a terra. Segundo a carta das nações unidas dos direitos humanos os homens nascem iguais em direitos e obrigações. E o que fizeram os educadores? Ensinaram que o homem é mais importante que a  mulher. Baseados unicamente na força física. Parece que se equivocaram.

Gerd Altmann / Pixabay

Os reis tinham direito aos haréns, significando a  submissão da mulher pelo sexo. A mulher veste rosa e o homem veste azul,  distinguiram pela forma social de trajar. O homem deve manter a casa,  ser provedor e a mulher deve gerir o lar, educar os filhos, servir ao homem etc etc. Tudo isto  foi resultado da educação que lhes foi imposta. No entanto,  para que houvesse a união perfeita entre o homem e a mulher era necessário que fossem diferentes e não desiguais. A lei da física ensina isto. Pois as forças diferentes se atraem. Não se disse que as forças inferiores se atraem. Mas as forças diferentes se atraem para que aja a conjugação perfeita. É a força positiva em união com a força negativs que produz a centelha da luz.

Isto, todavia, não foi mostrado na educação do homem (machos e fêmeas). Ambos são bons, mas foram educados para serem desiguais, não diferentes. A união está na diferença, pois a física também demonstra que forças iguais se repelem. Os homens são diferentes para que pudessem ser unidos ou se unirem.

Cabe agora, depois de se constatar e isso vem sendo mostrado, através das décadas, que houve um equívoco na educação do ser humano. Leis as mais diversas foram criadas visando corrigir os desacertos que praticaram,  objetivando punir o homem que não aceita a perda. Os crimes contra a mulher, homicídios,  hoje chamados de feminicídios  tem por causa a perda do macho em relação a sua fêmea, por suposto amor perdido, relações desfeitas, seja ela conjugal ou societária, em suas mais diversas formas. Entendo que não se corrige os equívocos do passado apenas editando
 leis,  decretos ou qualquer tipo normativo,  nem mesmo a lei maior, sem  mudar o processo educativo, em todas as suas esferas. O poder estatal agora tem que meter a colher para mudar o seu erro no processo educativo.

Punir o homem que foi direcionado para o poder sem desconstruir tal cultura é malhar em ferro frio. Pode até ser uma solução transitória , um remédio amargo que deve ser conjugado com uma profunda mudança educacional em todos os níveis. Mas não vamos mudar com os ensinamentos inverso de que a mulher é um ser superior ao homem, mas que são iguais, com suas naturais diferenças para que se possam unir exatamente pelas diferenças, o positivo não é superior ao negativo, pois sem este não haverá a centelha da luz, o Amor. Sem essa compreensão nasce o sentimento de enfrentamento pela  perda com a separação,  do desamor. Em decorrência, a luz do amor se apaga: os filhos,  vítimas de tudo que foi equivocado na educação. Prender o infrator sem educá-lo para uma nova experiência,  com novos valores, não adianta nada  e até complica,  pois aumenta nele o ódio,  a revolta por uma coisa que não foi educado para essa relação. Sem dúvida que errou ao violentar a mulher,   cometeu um crime e deve ser punido por este com um processo reeducativo, desconstrutivo de uma educação historicamente equivocada. Teremos que resignificar o homem com um novo processo educativo  em respeito e amor pelo diferente,  não porque um veste azul e o outro veste rosa, mas   porque o negativo é tão importante quanto o positivo e sem qualquer deles não brota a centelha do amor.

Avante a educação,  abaixo o machismo e viva a diferença em nome da igualdade.

Desembargador Edson Ulisses de Melo, TJSE